Patologia aguda na criança e adolescente - parasitoses intestinais (terminado) Flashcards

(50 cards)

1
Q

Transmissão

A

Infeções intestinais de transmissão predominantemente fecal-oral, resultante da ingestão de quistos, ovos ou parasitas

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2
Q

Etiologia

A

Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus, Trichuris trichiura, Strongyloides stercoralis, Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium e Schistosoma (S. mansoni, S. intercalatum, S. mekongi, S. japonicum, S. hematobium)

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3
Q

Em casos mais raros, como o do Schistosoma, a infestação pode ocorrer por…

A

Penetração larvar transcutânea a partir do solo

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4
Q

Cada parasita apresenta um ciclo de vida distinto e preferência anatómica no tubo digestivo humano…

A

≠ manifestações clínicas

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5
Q

Co-infestação

A

(dois ou mais parasitas) é frequente, em particular na criança

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6
Q

Prevalência varia consoante…

A

A região geográfica, clima e condições higieno-sanitárias

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7
Q

Epidemiologia - países

A

++ países tropicais em desenvolvimento

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8
Q

Epidemiologia em Portugal

A

o ↓progressiva da prevalência nas últimas décadas (melhoria das condições higieno-sanitárias)

o ↓ casos de co-infestações ou infestações graves

o Última década: prevalência < 6%

o ++ Giardia lamblia e Enterobius vermicularis (oxiúros)

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9
Q

Clínica - espectro amplo de manifestações clínicas

A

Espetro amplo de manifestações clínicas → depende de:
o Genótipo do parasita;
o Nº do inóculo;
o Idade do hospedeiro;
o Imunidade do hospedeiro

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10
Q

Clínica - maioria

A

Maioria → bem tolerada no hospedeiro imunocompetente:
o Assintomática;
o Sintomas inespecíficos: dor abdominal, náuseas, diarreia; muitas vezes associados a perda de peso

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11
Q

Clínica - raramente

A

Raramente → alta intensidade de parasitismo que origina morbilidade crónica: compromisso estatoponderal e cognitivo

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12
Q

Clínica - no doente imunocomprometido

A

Clínica exuberante: diarreia crónica, por vezes com grande repercussão sistémica e complicações
extra-intestinais, podendo ser fatal

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13
Q

No doente imunocomprometido: parasitas mais frequentemente encontrados nestes doentes

A

Cryptosporidium, Isospora belli, Cyclospora cayetanensis, Amebas, Giardia lamblia e Strongyloides stercoralis

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14
Q

Clínica - Giardia lamblia

A

o Amplo espetro clínico: ᴓ sintomas → diarreia aguda com ou sem vómitos→ diarreia crónica

o Diarreia crónica: malabsorção intestinal (fezes fétidas, flatulência, distensão abdominal), anorexia, má progressão ponderal ou perda de peso e anemia

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15
Q

Clínica - Enterobius vermicularis

A

o ++ prurido anal noturno, por vezes com agitação importante

o Causa frequente de vulvovaginite

o Relação causal com bruxismo, enurese noturna e perda de peso nunca foi confirmada

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16
Q

Clínica - Ascaris lumbricoides

A

o Dor ou desconforto abdominal

o Sintomas de malabsorção quando infeção prolongada

o Fase de migração larvar: pode haver envolvimento pulmonar, sob a forma de pneumonite transitória aguda (febre + eosinofilia – Síndrome de Löffler), que pode ocorrer semanas antes da sintomatologia gastrointestinal

o Migração dos vermes adultos: colecistite, colangite, pancreatite de causa obstrutiva e peritonite

o Complicação + frequente (parasitações volumosas): obstrução intestinal alta

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17
Q

Clínica - Trichuris trichiura

A

o Assintomáticos

o Quadro disentérico: dor abdominal, tenesmo, diarreia mucosanguinolenta

o Colite crónica: tenesmo e prolapso retal

o Pode manifestar-se por anemia

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18
Q

Clínica - Entamoeba histolytica

A

o Assintomático (até 90% dos casos) → doença invasiva grave

o Forma aguda:
- Diarreia sanguinolenta, dor abdominal, tenesmo e desidratação.
- Pode originar complicações graves: megacólon tóxico, colite necrosante fulminante e perfuração intestinal

o Forma crónica:
- Queixas intermitentes: dor abdominal, diarreia não sanguinolenta + perda de peso
- Pode ainda ocorrer ameboma (granuloma no cólon) ou abcesso hepático

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19
Q

Clínica - Entamoeba histolytica (forma aguda)

A

o Diarreia sanguinolenta, dor abdominal, tenesmo e desidratação

o Pode originar complicações graves: megacólon tóxico, colite necrosante fulminante e
perfuração intestinal

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20
Q

Clínica - Entamoeba histolytica (forma crónica)

A

o Queixas intermitentes: dor abdominal, diarreia não sanguinolenta + perda de peso

o Pode ainda ocorrer ameboma (granuloma no cólon) ou abcesso hepático

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21
Q

Clínica - Cryptosporidium

A

o Assintomática, auto-limitada ou arrastada

o Diarreia aquosa profusa (por vezes com muco, sem sangue), vómitos, náuseas, dor abdominal tipo cólica e, por vezes, febre

22
Q

Clínica - ténias

A

o Frequentemente assintomática

o Pode cursar com sintomas ligeiros: náuseas, diarreia e dor abdominal

o Passagem das proglótides através do ânus: desconforto e sensação de tenesmo

o Diphyllobotrium latum: anemia por carência de vitamina B12 → fadiga, palidez, glossite ou parestesias

23
Q

Clínica - Ancilostomas

A

o Penetração da larva através da pele → pneumonite (normalmente ligeira)

o Ingestão → dor abdominal

o Pode originar úlceras digestivas → perda crónica de sangue e anemia microcítica hipocrómica
moderada a grave

o Pode também associar-se a hipoproteinemia e edema

o Eosinofilia comum

24
Q

Clínica - Strongyloides stercoralis

A

o Infeção por penetração da larva através da pele, atingindo posteriormente os pulmões

o Queixas GI ≈ síndrome do cólon irritável (períodos de diarreia alternados com períodos de obstipação + dor abdominal intermitente)

o Infeção intestinal crónica: diarreia crónica + sintomas de mal-absorção

o Eosinofilia comum

25
Clínica - Anisakis simplex
o Ingestão de peixe cru ou mal cozinhado o Quadro de gastrite: epigastralgias, náuseas e vómitos o Pode originar reações alérgicas: urticária aguda ou anafilaxia
26
Clínica - Schistosomas
o Infeção por penetração da larva através da pele o Atingimento digestivo: diarreia muco-sanguinolenta, dor abdominal intensa, hepatomegalia dolorosa o Atingimento urogenital: hematúria, hidronefrose, insuficiência renal em estádios avançados o Pode associar-se a polipose cólica o Considerar em crianças que viajaram para áreas endémicas – África subsaariana, América Latina e Caribe
27
Diagnóstico (4)
Exame parasitológico das fezes Teste de fita-cola perianal Pesquisa de antigénio nas fezes Exame parasitológico de urina
28
Exame parasitológico das fezes - descrição
Colheita de fezes em 3 dias diferentes (período máximo de 10 dias; > sensibilidade se o intervalo entre cada colheita for de 48h)
29
Exame parasitológico das fezes - se diarreia
Se diarreia: não desperdiçar a fase líquida porque é a que contém mais trofozoítos
30
Exame parasitológico das fezes - conservação das amostras
Conservar as amostras no frigorífico (2-8ºC), até serem entregues no laboratório (idealmente <24h)
31
Exame parasitológico das fezes - se suspeita de ...
Ancylostoma duodenalis, Ascaris lumbricoides, Cryptosporidium, Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Necator americanus, Trichuris trichiura, Schistosoma (S. mansoni, S. intercalatum, S. mekongi, S. japonicum) e Strongyloides stercoralis
32
Teste de fita-cola perianal
o Colocação de uma fita-cola sobre o ânus durante a noite (altura em que as fêmeas saem para pôr os ovos) → retirar de manhã e colar numa lâmina de vidro → visualização ao microscópio o Se suspeita de: Enterobius vermicularis
33
Pesquisa de antigénio nas fezes
o Sensibilidade e especificidade ~ 100% o Se suspeita de: Giardia lamblia
34
Exame parasitológico de urina
Se suspeita de: Schistosoma hematobium
35
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus - 1ª opção, se ≥ 12 meses e < 24 meses
Albendazol, 200 mg, toma única
36
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus - 1ª opção, se ≥ 24 meses
Albendazol, 400 mg, toma única
37
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus - 2ªs opções, se ≥ 12 meses e < 24 meses
Mebendazol 500 mg, toma única OU 100 mg, de 12/12h, 3 dias Pamoato de pirantel, 11 mg/kg (máx. 1 g), toma única
38
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus - 2ªs opções, se ≥ 24 meses
Mebendazol 500 mg, toma única Pamoato de pirantel, 11 mg/kg (máx. 1 g), toma única
39
Tratamento se Enterobius vermicularis
Deve ser prescrito tratamento à criança e conviventes no mesmo agregado familiar e repetido após 2 semanas
40
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Trichuris trichiura - ≥ 12 meses e < 24 meses, 1ªs opções
Albendazol, 200 mg, 1x dia, 3 dias Mebendazol, 100 mg, 12/12h, 3 dias
41
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Trichuris trichiura - ≥ 24 meses, 1ªs opções
Albendazol, 400 mg, 1x dia, 3 dias Mebendazol, 100 mg, 12/12h, 3 dias
42
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Giardia lamblia - ≥ 12 meses e < 24 meses, 1ªs opções
Albendazol, 200 mg/dia, 1 x dia, 5 dias Metronidazol, 15 mg/kg/dia (máx. 750 mg), 3 x dia, 5-7 dias
43
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Giardia lamblia - ≥ 24 meses, 1ªs opções
Albendazol, 400 mg/dia, 1 x dia, 5 dias Metronidazol, 15 mg/kg/dia (máx. 750 mg), 3 x dia, 5-7 dias
44
Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Giardia lamblia - ≥ 3 anos, 1ªs opções
Albendazol, 400 mg/dia, 1 x dia, 5 dias Metronidazol, 15 mg/kg/dia (máx. 750 mg), 3 x dia, 5-7 dias Tinidazol, 50 mg/kg (máx. 2g), toma única
45
Tratamento se infeção por Taenia saginata, Taenia solium, Diphyllobotrium latum, Hymenolepsis nana - 1ª opção
Praziquantel, 5-10 mg/kg, dose única - se H. nana: 25 mg/kg, dose única → repetir dose 10 dias após (apenas disponível nas Farmácias Hospitalares)
46
Tratamento preventivo
NÃO deve ser prescrito tratamento preventivo contra parasitas intestinais
47
Referenciação para Consulta Hospitalar
Suspeita clínica e/ou com exame parasitológico de fezes positivo para o Strongyloides stercoralis; o Entamoeba histolytica; o Cryptosporidium; o Schistosoma (Schistosoma mansoni, Schistosoma intercalatum, Schistosoma mekongi, Schistosoma japonicum, Schistosoma hematobium Nota: a efetivar no prazo máximo de 30 dias
48
Referenciação para Consulta Hospitalar - se infeção por Entamoeba histolytica
Apesar da referenciação, deve ser iniciada terapêutica com: ≥ 12 meses - Metronidazol, 35-50 mg/kg/dia (máx. 750mg) 8/8h, via oral, 7-10 dias ≥ 3 anos - Tinidazol, 50-60 mg/kg/dia (máx. 2g), 1x/dia, via oral, 3 dias Nota: na pessoa que iniciou terapêutica em ambulatório, a referenciação deve ser efetivada no prazo de 10 dias; a nível hospitalar: prescrição adicional de terapêutica endoluminal
49
Referenciação para Consulta Hospitalar - se infeção por Cryptosporidium em criança imunocomprometida
A efetivar no prazo máximo de 14 dias
50