Organização Do Estado Flashcards
(207 cards)
Pergunta
Resposta
A Constituição de 1988 adotou um federalismo cooperativo, mantendo apenas competências privativas para cada ente federativo, sem previsão de competências comuns ou concorrentes.
❌ Errado. A Constituição de 1988 instituiu um modelo de federalismo de viés cooperativo, em que coexistem competências enumeradas e remanescentes — características do modelo clássico — com competências comuns e concorrentes entre os entes federativos, promovendo o desenvolvimento e a cooperação nacional.
É válida lei estadual que disponha sobre parcelamento ou cancelamento de multas de trânsito?
❌ Errado. A imposição, o parcelamento ou o cancelamento de multas de trânsito são matérias legislativas de competência exclusiva da União (art. 22, XI, da Constituição de 1988), sendo inconstitucional norma estadual sobre o tema.
É constitucional lei estadual que cria o “estágio supervisionado, educativo e profissionalizante” sob a forma de bolsa de iniciação ao trabalho para menores que frequentem o ensino regular ou supletivo?
❌ Errado. A norma estadual é inconstitucional por usurpar a competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho, conforme o artigo 22, inciso I, da Constituição da República de 1988. O Supremo Tribunal Federal entendeu que a relação jurídica criada pela lei estadual se aproxima do contrato de aprendizagem, matéria de competência exclusiva da União (ADI 3.093/RJ, STF. Plenário. Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 28.08.2023, Informativo 1105).
É constitucional lei estadual que institui o direito à meia-entrada em eventos culturais e esportivos, considerando que a matéria se insere no âmbito do direito econômico, sujeito à competência legislativa concorrente?
✅ A afirmação está correta. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 1950, reconheceu a constitucionalidade de lei estadual que institui o direito à meia-entrada. O Tribunal entendeu que o tema se insere no campo do direito econômico, matéria submetida à competência legislativa concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, nos termos do art. 24, inciso I, da Constituição da República. (STF, ADI 1950, julgada em 03.11.2005).
É constitucional lei estadual que obriga a utilização de empregados próprios na entrada e saída de estacionamentos, impedindo a terceirização do serviço?
❌ Errado. É inconstitucional lei estadual que impõe a obrigatoriedade de utilização de empregados próprios na entrada e saída de estacionamentos, vedando a terceirização. Tal norma usurpa a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho, nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição da República de 1988. Foi esse o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4451/RJ, de relatoria do Ministro Roberto Barroso, julgada em 01.08.2017.
É constitucional lei estadual que, com fundamento na proteção à saúde e ao meio ambiente, estabeleça medidas de política sanitária para o setor de energia nuclear em seu território?
❌ A afirmação está errada. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 1575/SP, decidiu, por maioria, que é inconstitucional norma estadual que disponha sobre atividades relacionadas ao setor nuclear no âmbito regional, ainda que fundamentada na proteção à saúde e ao meio ambiente. A matéria está abrangida pela competência legislativa privativa da União para legislar sobre atividades nucleares, o que inclui também a competência para fiscalizar a execução dessas atividades e legislar sobre essa fiscalização, nos termos do art. 22, inciso XXVI, da Constituição da República. (STF, ADI 1575/SP, julgado em 07.04.2010).
É admissível que apenas um ente federado perceba os frutos e exerça o poder decisório sobre serviços e concessões no âmbito de empreitada metropolitana comum, como ocorreu na Região Metropolitana de Maceió.
❌ Errado. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de normas que concentravam exclusivamente no Estado de Alagoas o poder decisório e a percepção dos frutos da empreitada metropolitana comum, incluindo valores decorrentes de concessão à iniciativa privada, por violarem a autonomia dos Municípios integrantes da Região Metropolitana de Maceió. A decisão foi proferida nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 6573 e 6911 e na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 863, com modulação de efeitos para 24 meses, a fim de permitir a reorganização legislativa da estrutura metropolitana.
É constitucional lei estadual que obriga instituições de ensino superior privadas a devolverem o valor da taxa de matrícula, com retenção máxima de 5%, caso o aluno desista do curso ou solicite transferência antes do início das aulas.
✅ A afirmação está correta. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 5951, declarou constitucional a Lei estadual n.º 22.915/2018 do Estado de Minas Gerais, que trata da devolução de taxa de matrícula por instituições de ensino superior privadas. A Corte entendeu que a norma trata de proteção ao consumidor e de educação, matérias sujeitas à competência legislativa concorrente nos termos do art. 24, V e IX, da Constituição da República. Assim, não se trata de matéria exclusivamente de direito civil, de competência privativa da União (art. 22, I), mas de tema que envolve relações de consumo e políticas educacionais, permitindo a atuação legislativa estadual complementar.
A inexistência de Poder Judiciário próprio nos Municípios inviabiliza seu reconhecimento como entes autônomos, pois a autonomia exige a existência dos três poderes.
❌ Errado. Embora os Municípios não possuam Poder Judiciário próprio, isso não afeta sua condição de entes autônomos. A autonomia municipal está assegurada no artigo 29 da Constituição da República, sendo exercida por meio do Poder Executivo e do Poder Legislativo. A jurisdição é prestada por órgãos estaduais ou federais, conforme a organização judiciária aplicável.
É constitucional lei estadual que proíbe qualquer atividade de comunicação comercial dirigida a crianças nos estabelecimentos de educação básica.
✅ A afirmação está correta. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 5631, reconheceu a constitucionalidade da legislação do Estado da Bahia que proibiu a publicidade dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica. A Corte entendeu que os Estados possuem competência legislativa para impor tal restrição, fundamentando-se na proteção da saúde de crianças e adolescentes, a qual é assegurada como prioridade absoluta pela Constituição da República. Ademais, tratou-se de limitação pontual à liberdade de expressão comercial, aplicável exclusivamente ao ambiente escolar e a um público específico, o que é juridicamente admissível.
É constitucional lei estadual que proíbe a fabricação, venda e comercialização de armas de brinquedo que simulem armas de fogo reais no território estadual.
✅ A afirmação está correta. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 5126/SP, entendeu que a norma estadual que proíbe, no âmbito de seu território, a fabricação, venda e comercialização de armas de brinquedo que simulem armas de fogo reais insere-se na competência concorrente prevista no art. 24, incisos V, VIII e XV, da Constituição da República, tratando de proteção à infância, à juventude e ao consumidor. Não se trata de matéria penal ou bélica, de competência privativa da União, mas de política pública local voltada à proteção de grupos vulneráveis e à segurança social, sendo legítima a atuação normativa estadual suplementar. Também não há usurpação da iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo, pois a norma não trata da estrutura administrativa nem do regime jurídico de servidores.
O Estado Federal se forma por meio de um tratado entre entes soberanos, sem que haja alienação de soberania, ao passo que a Confederação surge a partir de uma Constituição que centraliza a soberania em um único ente.
❌ Errado. O Estado Federal tem origem em uma Constituição, que cria o ente soberano ao qual os demais entes federativos alienam sua soberania, restando-lhes apenas a autonomia definida pela própria Constituição. Já a Confederação nasce de um tratado entre entes soberanos, que mantêm sua soberania plena, sem transferi-la a um ente central. Mesmo que tal tratado seja chamado de Constituição, trata-se, na verdade, de um acordo interestatal e não de um texto constitucional típico.
O Distrito Federal possui Poder Executivo e Legislativo próprios, mas o Poder Judiciário que atua em seu território é organizado e mantido pela União, não integrando sua estrutura como ente federativo.
✅ Correto. De acordo com o artigo 32 da Constituição da República, o Distrito Federal possui Poder Executivo (governador e vice-governador) e Poder Legislativo (Câmara Legislativa Distrital). O Poder Judiciário que atua no Distrito Federal é órgão de cunho federal, cuja organização e manutenção competem à União, não fazendo parte da estrutura administrativa do Distrito Federal.
É constitucional norma estadual que autorize municípios a delegarem a fiscalização de projetos, edificações e obras a bombeiros voluntários, inclusive com poderes para lavrar autos de infração?
❌ A afirmação está errada. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 5354/SC, declarou inconstitucional norma da Constituição do Estado de Santa Catarina e da Lei Estadual n.º 16.157/2013 que autorizavam os municípios a delegar a fiscalização de projetos, edificações e obras a bombeiros voluntários, inclusive com possibilidade de lavratura de autos de infração. Tal previsão afronta a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de organização dos corpos de bombeiros militares e da defesa civil (art. 22, incisos XXI e XXVIII, da Constituição da República, combinado com o art. 144, inciso V e § 5.º). A legislação federal vigente admite, apenas, que o município firme convênio com a corporação militar estadual, na ausência de unidade de corpo de bombeiros militar instalada, mas veda a delegação de atividades típicas de poder de polícia a organizações voluntárias privadas. A Lei n.º 13.425/2017 não autoriza tal delegação. (STF, ADI 5354/SC, Plenário, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26.06.2023 – Informativo 1100).
É constitucional norma de Constituição Estadual que proíbe os Municípios de alterarem a destinação originária de loteamentos definidos como áreas verdes ou institucionais?
❌ Errado. O Supremo Tribunal Federal decidiu ser inconstitucional norma de Constituição Estadual que veda aos Municípios a possibilidade de alterarem a destinação, os fins e os objetivos originários de loteamentos definidos como áreas verdes ou institucionais. Tal norma viola a autonomia municipal assegurada pelos artigos 18, 29 e 30 da Constituição da República, ao interferir indevidamente na competência legislativa e administrativa do ente municipal.
É constitucional lei estadual que proíbe a suspensão ou o cancelamento de planos de saúde por inadimplência durante a pandemia da Covid-19?
❌ Errado. É formalmente inconstitucional lei estadual que estabelece a possibilidade de o Poder Executivo proibir a suspensão ou o cancelamento de planos de saúde por inadimplência durante a pandemia da Covid-19. Isso porque a norma usurpa a competência privativa da União para legislar sobre direito civil (artigo 22, inciso I, da Constituição da República) e política de seguros (artigo 22, inciso VII, da Constituição da República). Assim decidiu o Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 6441.
É constitucional lei estadual que exige o depósito prévio de 100% do valor da condenação como requisito para admissibilidade de recurso inominado nos juizados especiais?
❌ Errado. É inconstitucional lei estadual que estabelece o depósito prévio de 100% do valor da condenação como requisito de admissibilidade de recurso inominado nos juizados especiais, por violar a competência privativa da União para legislar sobre direito processual, nos termos do artigo 22, I, da Constituição da República. Além disso, tal exigência fere os princípios constitucionais do acesso à jurisdição, do contraditório e da ampla defesa. (ADI 4161/AL, STF. Plenário. Rel. Min. Cármen Lúcia, julgada em 30.10.2014
Ainda que o artigo 22, parágrafo único, mencione apenas os Estados-membros, o Distrito Federal também deve ser incluído nas delegações de competência legislativa autorizadas por lei complementar da União.
✅ Correto. Embora o parágrafo único do artigo 22 da Constituição da República faça menção apenas aos Estados-membros, a interpretação sistemática da Constituição, especialmente à luz do artigo 32, § 1º, revela que o Distrito Federal também deve ser contemplado nas delegações legislativas. Isso porque ao Distrito Federal são reservadas competências legislativas tanto dos Estados quanto dos Municípios.
É constitucional lei estadual que isente entidades filantrópicas do pagamento de direitos autorais ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição?
❌ Errado. É inconstitucional lei estadual que isente entidades filantrópicas do pagamento de taxas de retribuição autoral ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, por invadir a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, direito de propriedade e intervenção no domínio econômico, conforme o artigo 22, inciso I, da Constituição da República. Além disso, tal norma afronta os direitos autorais previstos no artigo 5º, incisos XXII e XXVII, da Constituição. Assim decidiu o Supremo Tribunal Federal nas Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5800.
Na Confederação, há distribuição geográfica do poder político entre os entes participantes, os quais são dotados de soberania, razão pela qual não se trata propriamente de uma forma de Estado.
✅ Correto. A Confederação caracteriza-se como uma junção de Estados soberanos, nos quais há distribuição geográfica do poder político, mas todos os entes conservam sua soberania plena. Por essa razão, a Confederação não é propriamente considerada uma forma de Estado, mas sim uma associação de Estados soberanos.
É constitucional lei estadual que proíbe instituições financeiras de realizar telemarketing ou publicidade de empréstimos direcionada a aposentados e pensionistas.
✅ A afirmação está correta. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 6727, reconheceu a constitucionalidade da Lei estadual n.º 20.276/2020 do Estado do Paraná, a qual proíbe que instituições financeiras, correspondentes bancários e sociedades de arrendamento mercantil realizem qualquer forma de oferta comercial voltada à celebração de contratos de empréstimo com aposentados e pensionistas. A norma trata da defesa do consumidor, matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, e reforça a proteção dos consumidores idosos, considerados como grupo em situação de especial vulnerabilidade econômica e social.
É constitucional lei estadual que isenta trabalhadores desempregados do pagamento de consumo de energia elétrica e de água por seis meses?
❌ Errado. É inconstitucional lei estadual que isente trabalhadores desempregados do pagamento do consumo de energia elétrica e de água pelo período de seis meses. Tal norma afronta a competência privativa da União para legislar sobre energia (artigo 22, inciso IV, da Constituição Federal), conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.299, julgada em 23.08.2019, de relatoria do Ministro Roberto Barroso.
É compatível com o princípio da livre concorrência a edição de lei municipal que impeça a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área do Município.
❌ Errado. A Súmula Vinculante n° 49 do Supremo Tribunal Federal estabelece que “ofende o princípio da livre concorrência a lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área”, sendo, portanto, inconstitucional qualquer norma que imponha essa restrição. Tal entendimento fundamenta-se na proteção ao princípio da livre iniciativa e da livre concorrência previstos no artigo 170, inciso IV, da Constituição da República.