pancreatite 2 Flashcards
(19 cards)
DEFINIÇÃO
A pancreatite aguda é um episódio distinto de lesão celular e inflamação do
pâncreas, geralmente com sinais/sintomas de dor abdominal, náuseas e
vômitos.
● É acompanhada por elevação dos níveis séricos de amilase ou lipase e/ou
evidências radiográficas de inflamação pancreática, edema ou necrose.
Embora o pâncreas possa recuperar a função e o aspecto normais após um
episódio, a recuperação não é completa se a necrose for substancial.
BIOPATOLOGIA
A pancreatite aguda é causada pela ativação prematura de enzimas digestivas
dentro das células acinares pancreáticas. O aumento do cálcio intracelular e a
ativação do tripsinogênio para tripsina parecem ser as etapas iniciais críticas,
com a tripsina então ativando outras proteases dentro da glândula. Essas enzimas
ativadas provocam lesão celular e necrose.
Cálculos biliares e etilismo juntos são responsáveis por até 75% de todos os
casos de pancreatite aguda,
causas comuns:
CÁLCULOS BILIARES:
A passagem de um cálculo biliar pela ampola de Vater com obstrução
transitória do ducto pancreático é o evento inicial para a pancreatite por cálculo
biliar.
ÁLCOOL ETÍLICO
O pico da pancreatite alcoólica ocorre entre os 20 e os 50 anos e é muito mais
comum em homens.
MEDICAMENTOS, TOXINAS E FATORES METABÓLICOS
ácido valproico.
furosemida
prednisona,
Níveis de triglicerídeos séricos acima de 500 mg/dl e geralmente maiores que
1.000 mg/dl podem causar pancreatite aguda,
TRAUMATISMO
O traumatismo iatrogênico no pâncreas e no ducto pancreático durante a
realização de uma colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é
uma causa comum de pancreatite,
OBSTRUÇÃO DO DUCTO PANCREÁTICO
Além de cálculos biliares e microlitíase, a obstrução do ducto pancreático por um
adenocarcinoma ductal pancreático,
INFECÇÕES
Ascaris lumbricoides pode causar pancreatite por obstruir o ducto pancreático
à medida que os vermes migram através da ampola de Vater.
podem causar pancreatite incluem citomegalovírus, vírus Coxsackie B, adenovírus
e vírus da caxumba.
GENÉTICA
Mutações no gene do tripsinogênio catiônico (PRSS1),
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dor abdominal, náuseas e vômitos são os sinais/sintomas típicos da pancreatite
aguda. A dor abdominal é geralmente na região epigástrica e frequentemente
irradia para o dorso.
Os achados físicos raros incluem equimoses no flanco (sinal de Grey-Turner - 1a
foto) ou no umbigo (sinal de Cullen - 2a foto), que ocorrem quando líquido e
sangue se deslocam para esses espaços a partir do retroperitônio.
CLASSIFICAÇÃO
● Pancreatite aguda leve: caracterizada pela ausência de falência de órgãos e
complicações locais ou sistêmicas.
● Pancreatite aguda moderadamente grave: caracterizada por falência orgânica
transitória (resolve em 48 horas) e/ou complicações locais ou sistêmicas sem
falência orgânica persistente (>48 horas).
● Pancreatite aguda grave: caracterizada por falência persistente de órgãos
(mais de 48h) que pode envolver um ou múltiplos órgãos.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de pancreatite aguda exige pelo menos 2 dos 3 critérios a seguir:
1) Dor abdominal compatível com pancreatite;
2) Amilase ou lipase sérica de pelo menos três vezes o limite superior do
normal; ou
3) Achados de imagem compatíveis com pancreatite aguda na imagem (TC
contrastada, RM ou ultrassonografia).
EXAMES LABORATORIAIS
Os níveis de lipase tendem a permanecer elevados por mais tempo do que
os níveis de amilase
Os níveis de amilase e lipase podem ser normais em pacientes com
pancreatite aguda
Peptídeo de ativação do tripsinogênio (TAP)
Outros exames laboratoriais: na pancreatite grave, podem ser observadas
leucocitose, azotemia e hemoconcentração.
Como os cálculos biliares são a principal causa de pancreatite aguda,
representando cerca de 40 a 50% dos casos, todos os pacientes devem fazer uma
ultrassonografia de abdome para investigar cálculos biliares.
Se essas abordagens iniciais não forem reveladoras, a ultrassonografia
endoscópica (ou ressonância magnética com CPRM) consegue detectar
pequenos cálculos biliares, microlitíase ou causas pré-malignas ou malignas
subjacentes (sobretudo em pacientes com mais de 40 anos).
● Dos 25% dos pacientes que não têm uma causa identificada após uma avaliação
inicial básica, a microlitíase é a explicação subjacente mais comum.
EXAMES DE IMAGEM
Os exames de imagem são usados não apenas para estabelecer o diagnóstico,
mas também para determinar a causa e o prognóstico.
US abdominal
TC abdominal:
é mais acurada do que a US para confirmar o diagnóstico de
pancreatite aguda e na
documentação de necrose
pancreática e acúmulos de líquido
peripancreático, mas é menos
preciso na identificação de cálculos
biliares.
As TC não são necessárias rotineiramente em todos os pacientes com
pancreatite aguda, mas devem ser realizadas quando o diagnóstico não
é claro e em pacientes que apresentam um primeiro episódio, doença
grave, complicações sistêmicas ou doença que demora a melhorar.
colangiopancreatografia retrógrada endoscópica
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS (UP TO DATE)
➢ Úlcera péptica;
➢ Coledocolitíase;
➢ Colangite;
➢ Colecistite;
➢ Víscera perfurada;
➢ Obstrução intestinal;
➢ Isquemia mesentérica;
➢ Hepatite.
TRATAMENTO
Todos os pacientes inicialmente devem ser mantidos em dieta zero.
O controle da dor frequentemente exige a prescrição de narcóticos parenterais, e
geralmente prefere-se a hidromorfona
Obs: tramadol e morfina podem ser usados também.
As diretrizes da prática recomendam solução de Lactato de Ringer, em
geral 200 a 250 ml nas primeiras 12 a 24 horas, e depois reduzida se o
paciente apresentar manifestações precoces de sobrecarga hídrica.
O tratamento de náuseas e vômitos pode ser necessário, e os antagonistas de
5-HT3 (ondansetrona)
Os pacientes com pancreatite leve ou moderada podem ser alimentados
quando se sentirem capazes de tolerá-la
Em pacientes com pancreatite mais grave
a internação em uma unidade de tratamento
intermediário ou unidade de terapia intensiva (UTI) é apropriada.
TRATAMENTO DE COMPLICAÇÕES
As diretrizes de prática atuais recomendam CPRE urgente em pacientes cuja
pancreatite biliar é complicada por evidências de colangite (p. ex., febre,
icterícia, dor no quadrante superior direito do abdome) e CPRE precoce para
pacientes com evidências de cálculo persistente do ducto biliar
➢ Se houver suspeita de necrose infectada, uma TC com contraste deve ser
obtida. O achado de gás na coleção necrótica é um sinal específico, mas
não sensível, de necrose infectada.
Antibióticos com penetração apropriada em necrose:
metronidazol 500 mg IV, de 8/8 horas mais ciprofloxacino 400
mg IV, de 8/8 horas
PREVENÇÃO DE PANCREATITE RECORRENTE
A abstinência de álcool e tabaco deve ser fortemente encorajada.
● A colecistectomia previne episódios subsequentes de pancreatite por cálculo
biliar e deve ser realizada durante a hospitalização inicial.
O controle dos lipídios séricos evita episódios subsequentes de pancreatite
hiperlipidêmica.
prescrição