Crimes Contra A Adm Publica Flashcards

(249 cards)

1
Q

Pergunta

A

Resposta

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2
Q

A resistência à execução de ato legal somente configura crime se for empregada violência física contra o funcionário público ou seu auxiliar.

A

❌ Errado. O crime de resistência, previsto no artigo 329 do Código Penal, configura-se tanto pelo uso de violência (vis absoluta) quanto de ameaça (vis relativa), desde que dirigidas a funcionário público ou a quem lhe esteja prestando auxílio, no exercício da execução de ato legal.

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3
Q

O crime de peculato-apropriação é próprio, exigindo a qualidade de funcionário público do sujeito ativo, mas, na ausência dessa qualidade, não há desclassificação para outro tipo penal

A

❌ A afirmação está errada. O crime de peculato é classificado como próprio, pois exige que o sujeito ativo seja funcionário público. Além disso, trata-se de delito funcional impróprio, o que significa que, se faltar essa qualidade no agente, há desclassificação para o crime de apropriação indébita, pois o núcleo do tipo (apropriar-se) permanece, mas sem a especial condição exigida.

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4
Q

O crime de violação de sigilo funcional se configura mesmo quando as informações reveladas já são de domínio público.

A

“❌ Errado. Não há configuração do crime de violação de sigilo funcional quando as informações já são de domínio público, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ, decisão monocrática no Inq 554, publ. 08/10/2007).”

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5
Q

É crime rasgar, inutilizar ou conspurcar edital fixado por ordem de funcionário público, bem como violar ou inutilizar selo ou sinal usado por determinação legal ou por ordem de funcionário público.

A

✅ Correto. O artigo 336 do Código Penal tipifica essas condutas, com dois núcleos distintos: rasgar, inutilizar ou conspurcar edital fixado por ordem de funcionário público

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6
Q

O tabelião que deixa de repassar valores devidos ao Fundo de Desenvolvimento da Justiça, utilizando-os em proveito próprio, pratica crime fiscal previsto na Lei n. 8.137/1990, por ser o responsável pelo recolhimento da verba

A

❌ A afirmação está errada. A conduta do tabelião titular que se apropria de valores públicos destinados ao Fundo de Desenvolvimento da Justiça, verba com natureza sui generis composta por tributos, não configura crime fiscal previsto na Lei n. 8.137/1990, pois o agente não ostenta a condição de contribuinte originário. Trata-se de peculato-desvio, previsto no artigo 312 do Código Penal, pois o réu era responsável pelo recolhimento e repasse dos valores, tendo desviado as quantias em proveito próprio (STJ, AgRg no HC 855.051/RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 04/03/2024).

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7
Q

O crime de corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete é comum, doloso, exige finalidade específica, é formal, instantâneo e admite tentativa.

A

✅ Correto. O crime previsto no artigo 343 do Código Penal pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum) e é doloso, exigindo o elemento subjetivo especial do tipo — a finalidade de obter do destinatário uma afirmação falsa, negativa ou omissão da verdade. Trata-se de crime formal, não exigindo resultado naturalístico para sua consumação, que ocorre de forma instantânea. Por ser a conduta fracionável, é crime plurissubsistente e admite tentativa.

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8
Q

O crime de excesso de exação ocorre quando o funcionário público exige tributo ou contribuição social indevido, ou, sendo devido, emprega meio vexatório ou gravoso não autorizado por lei para realizá-lo

A

✅ A afirmação está correta. O parágrafo primeiro do artigo 316 do Código Penal descreve o crime de excesso de exação como a conduta do funcionário público que exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, mesmo sendo devido, utiliza meio vexatório ou gravoso não autorizado pela legislação para cobrá-lo. Os núcleos do tipo são “exigir” e “empregar”.

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9
Q

O conceito de funcionário público para fins penais é semelhante ao adotado pelo Direito Administrativo, restringindo-se apenas aos servidores ocupantes de cargo público efetivo.

A

“❌ Errado. O artigo 327 do Código Penal apresenta um conceito penal ampliado de funcionário público, que abrange quem exerce cargo, emprego ou função pública, ainda que de forma transitória ou sem remuneração, não se limitando ao conceito restrito do Direito Administrativo.”

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10
Q

O crime de corrupção passiva pode se configurar mesmo que a conduta do agente ocorra fora do exercício da função pública ou antes da posse no cargo, desde que a solicitação, o recebimento ou a aceitação da promessa de vantagem indevida estejam relacionadas à função

A

✅ A afirmação está correta. Todas as condutas típicas do crime de corrupção passiva devem guardar relação com a função pública, ainda que praticadas fora do exercício do cargo ou antes da assunção do posto, desde que ocorram em razão da função que o agente exerce ou exercerá.

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11
Q

O crime de favorecimento pessoal configura-se mesmo que haja acordo prévio entre o agente favorecedor e o autor do crime principal, desde que a ajuda ocorra após a consumação.

A

❌ Errado. Para a configuração do crime de favorecimento pessoal, é necessário que a conduta ocorra após a consumação do crime — ou, no caso de tentativa, após o término dos atos executórios — e que não tenha havido acordo prévio entre o agente favorecedor e o autor do crime. Caso haja ajuste anterior à prática do delito, configura-se concurso de pessoas, e o agente responde como partícipe do crime principal.

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12
Q

A prática de corrupção ativa em transação comercial internacional configura crime único e idêntico tanto para o particular quanto para o funcionário público estrangeiro envolvido, aplicando-se a ambos a legislação penal brasileira.

A

❌ A afirmativa está errada. No crime de corrupção ativa em transação comercial internacional, previsto no artigo 337-B do Código Penal, há exceção à teoria monista: a conduta do particular brasileiro e a do funcionário público estrangeiro são consideradas crimes distintos, mesmo que praticadas em concurso. O particular responde pela legislação penal brasileira, enquanto o funcionário público estrangeiro será responsabilizado conforme as leis do seu país. O bem jurídico tutelado é a regularidade e a probidade das relações comerciais internacionais de que o Brasil seja parte.

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13
Q

Comete o crime de autoacusação falsa quem, perante autoridade, atribui a si a prática de crime inexistente ou cometido por outra pessoa.

A

✅ Correto. O crime de autoacusação falsa, previsto no artigo 341 do Código Penal, se configura quando o agente, perante a autoridade, se apresenta como responsável por infração penal inexistente ou por crime cometido por outrem, ou seja, atribui falsamente a si a autoria de fato típico que não praticou.

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14
Q

O crime de prevaricação admite tentativa tanto nas formas comissiva quanto omissiva?

A

❌ Errado. O crime de prevaricação admite tentativa apenas na forma comissiva, pois a omissão. Além disso, trata-se de crime próprio, exigindo a qualidade de funcionário público do agente, e é de forma livre.

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15
Q

O crime de descaminho somente se consuma após a constituição definitiva do crédito tributário pela autoridade administrativa.

A

❌ Errado. O crime de descaminho é formal e sua consumação independe da constituição definitiva do crédito tributário, conforme entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça (STJ, AgRg no REsp 1426834/ES, DJe 15/06/2018).

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16
Q

No peculato culposo, o funcionário público é considerado partícipe do crime doloso praticado por terceiro, já que contribui para sua prática por omissão

A

❌ A afirmação está errada. No peculato culposo, o funcionário público não é considerado partícipe do crime doloso praticado por terceiro. As condutas são distintas: o terceiro age com dolo ao se apropriar, desviar ou subtrair o bem, enquanto o funcionário público responde por violar seu dever objetivo de cuidado, agindo com culpa — por imprudência, negligência ou imperícia — ao permitir, por sua omissão ou descuido, que o crime se concretize.

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17
Q

O crime de tráfico de influência admite a modalidade tentada, sendo classificado como plurissubsistente e de forma livre.

A

✅ Certo. Trata-se de crime doloso, comum, com estrutura plurissubsistente e de forma livre, admitindo tentativa. Além disso, é formal nas modalidades “solicitar”, “exigir” e “cobrar”, e material na forma “obter”.

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18
Q

O advogado que atua por convênio com a Defensoria Pública pode ser considerado funcionário público para fins penais.

A

“✅ Correto. De acordo com entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o defensor dativo atuante por meio de convênio entre a Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria Pública é equiparado a funcionário público para fins penais, nos termos do artigo 327 do Código Penal (STJ, EDcl no RHC 126207/SP, DJe 09/06/2020).”

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19
Q

O crime de evasão mediante violência contra a pessoa é classificado como crime de atentado, pois o tipo penal equipara a fuga consumada à tentativa de fuga.

A

✅ Correto. O artigo 352 do Código Penal considera típicas tanto a evasão quanto a tentativa de evasão mediante violência contra a pessoa, razão pela qual o delito é classificado como crime de atentado ou de empreendimento, já que pune da mesma forma a forma tentada e a consumada.

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20
Q

No crime de frustração do caráter competitivo de licitação, é indispensável a comprovação de que o agente obteve, de fato, vantagem decorrente da adjudicação do objeto licitado.

A

❌ A afirmativa está errada. O crime de frustração do caráter competitivo de licitação, previsto no artigo 337-F do Código Penal, exige dolo e elemento subjetivo especial do tipo — a finalidade de obter vantagem para si ou para outrem decorrente da adjudicação. No entanto, trata-se de crime formal, sendo suficiente que o agente atue com esse propósito, sem necessidade de que a vantagem tenha sido efetivamente alcançada.

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21
Q

É competente a Justiça Estadual para julgar o crime de descaminho quando não houver indícios de transnacionalidade na conduta do agente.

A

❌ Errado. Segundo entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça, o crime de descaminho é de competência da Justiça Federal em todos os casos, independentemente da existência de indícios de transnacionalidade, pois tutela prioritariamente interesses da União, conforme estabelecido no julgamento do CC 160.748/SP (STJ, AgRg no CC 160673/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 19/02/2019).

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22
Q

O crime de comunicação falsa de crime ou contravenção somente se configura se houver a instauração de inquérito policial.

A

❌ Errado. O crime previsto no artigo 340 do Código Penal configura-se com a prática de qualquer diligência por parte da autoridade para apurar o fato falsamente comunicado, não sendo necessária a instauração formal de inquérito policial. A conduta típica consiste em provocar a atuação da autoridade, comunicando-lhe fato criminoso ou contravencional que o agente sabe não ter ocorrido.

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23
Q

A fuga de preso mediante dano à cela, sem emprego de violência contra a pessoa, configura o crime de evasão previsto no artigo 352 do Código Penal.

A

❌ Errado. O crime de evasão previsto no artigo 352 do Código Penal exige o uso de violência contra a pessoa, não se configurando quando o preso apenas causa dano à cela para fugir. Ademais, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, tal conduta não configura sequer o crime de dano, se realizada exclusivamente para a fuga (STJ, REsp 867353/PR, Rel. Min. Felix Fischer, DJe 27/08/2007).

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24
Q

O crime de corrupção passiva é próprio e se consuma com a prática de qualquer das condutas típicas previstas no artigo 317 do Código Penal, sendo dispensável a realização do ato de ofício prometido ou esperado em troca da vantagem

A

✅ A afirmação está correta. O crime de corrupção passiva é próprio, exigindo como sujeito ativo um funcionário público. Trata-se de crime formal, que se consuma com a solicitação, o recebimento ou a aceitação de promessa de vantagem indevida, independentemente da prática do ato funcional. Segundo o STJ, o ato de ofício configura mera causa de aumento de pena (AgRg no AREsp 1389718/RS, DJe 17/12/2019).

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25
A modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações é crime próprio, material e permanente, que exige resultado naturalístico para sua consumação
❌ A afirmação está errada. O crime previsto no artigo 313-B do Código Penal é próprio, pois só pode ser praticado por funcionário público. Trata-se de crime formal, não exigindo resultado naturalístico para sua consumação. Além disso, é um crime instantâneo, consumando-se em um único momento, e plurissubsistente, uma vez que sua conduta pode ser fracionada, o que permite a tentativa.
26
Para a configuração do crime de peculato-apropriação, é suficiente que o funcionário público se aposse de bem móvel público ou particular, mesmo que não tenha a posse lícita do bem em razão do cargo
❌ A afirmação está errada. Para a caracterização do peculato-apropriação, previsto na primeira parte do caput do artigo 312 do Código Penal, é indispensável que o funcionário público tenha a posse ou detenção lícita do dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, em razão do cargo que ocupa. A conduta típica consiste em apropriar-se, ou seja, apoderar-se, assenhorar-se ou arrogar-se a posse da coisa que lhe foi confiada licitamente.
27
Comete o crime de violência arbitrária o funcionário público que, no exercício da função, pratica violência física de forma injustificada, sem amparo legal
✅ Correto. O crime de violência arbitrária, previsto no artigo 322 do Código Penal, exige que o agente, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, pratique violência — entendida como força física (vis corporalis) — de forma ilícita, ou seja, sem respaldo legal, sendo atípica a conduta quando há legítima defesa ou uso necessário da força, como na prisão de indivíduo resistente.
28
No crime de corrupção passiva, a consumação ocorre com a solicitação ou o recebimento da vantagem indevida, sendo dispensável a prática posterior do ato de ofício pelo funcionário público
✅ A afirmação está correta. De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o crime de corrupção passiva consuma-se com a solicitação ou o recebimento da vantagem ilícita em razão da função pública, sendo irrelevante a posterior prática do ato de ofício (STF, AO 2057/RN, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, Julgamento 02/10/2018).
29
Comete o crime de fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança quem promove ou facilita a fuga de indivíduo legalmente preso ou internado para tratamento psiquiátrico.
✅ Correto. O crime previsto no artigo 351 do Código Penal é de tipo penal misto alternativo, configurando-se pelas condutas de promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa — seja por prisão simples, reclusão, detenção, flagrante ou prisão processual — ou submetida a medida de segurança detentiva, como internação para tratamento psiquiátrico.
30
O crime de favorecimento real é formal, instantâneo e plurissubsistente, sendo possível a sua tentativa.
✅ Correto. O crime de favorecimento real é formal, pois se consuma independentemente da ocorrência de resultado naturalístico. Trata-se de crime instantâneo, pois sua consumação ocorre em um dado momento no tempo, e plurissubsistente, já que sua conduta é fracionável, admitindo, portanto, a tentativa.
31
O crime de falso testemunho ou falsa perícia, por ser de mão própria, jamais admite coautoria, mesmo quando dois peritos assinam conjuntamente o laudo falso.
❌ Errado. Embora o crime de falso testemunho ou falsa perícia seja, em regra, de mão própria — sendo praticado apenas pela própria testemunha, perito, tradutor, contador ou intérprete — admite-se, de forma excepcionalíssima, a coautoria no caso de falsa perícia, quando dois peritos assinarem conjuntamente o laudo falso decorrente da perícia que realizaram.
32
O crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas somente pode ser praticado por funcionário público que possua atribuição de gestão dos recursos públicos, excluindo-se, por exemplo, o Prefeito, cuja conduta está prevista em norma especial
✅ A afirmação está correta. O sujeito ativo do crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas é o funcionário público que possui atribuição de gestão, ou seja, aquele que tem a responsabilidade de gerir os recursos públicos. A conduta do Prefeito, por sua vez, está disciplinada por norma especial, especificamente no artigo 1º, inciso III, do Decreto-Lei nº 201/1967.
33
Se o auxílio prestado ao autor do crime tem por objetivo tornar seguro o proveito do delito, configura-se o crime de favorecimento pessoal.
❌ Errado. Quando o auxílio visa tornar seguro o proveito do crime — e não ajudar o agente a se subtrair da ação da autoridade —, configura-se o crime de favorecimento real, desde que não se esteja diante de hipótese de receptação. O crime de favorecimento pessoal exige que o auxílio seja prestado diretamente ao agente, com o fim de evitar a atuação da autoridade pública.
34
O tutor e o curador são considerados funcionários públicos para fins penais, pois exercem múnus público semelhante ao jurado.
"❌ Errado. Embora o tutor e o curador exerçam múnus público, não se enquadram no conceito de funcionário público para fins penais, pois não desempenham funções públicas propriamente ditas, atuando apenas na esfera da vida privada dos incapazes que representam ou assistem."
35
No crime de prevaricação, a consumação independe da efetiva satisfação do interesse ou sentimento pessoal do agente, sendo suficiente a prática do ato com esse intuito especial?
✅ Correto. O crime de prevaricação exige dolo e o especial fim de agir, consistente na satisfação de interesse ou sentimento pessoal, mas trata-se de crime formal, consumando-se com a prática do ato, independentemente de a satisfação desejada pelo agente se concretizar.
36
O crime de patrocínio de contratação indevida exige que o interesse privado patrocinado pelo funcionário público seja necessariamente ilegítimo.
❌ A afirmativa está errada. No crime de patrocínio de contratação indevida, pune-se o agente que, valendo-se de sua qualidade funcional, favorece interesse privado perante a Administração Pública. A lei não restringe a conduta aos casos de interesse ilegítimo, sendo possível a punição mesmo quando o interesse patrocinado seja legítimo. O patrocínio pode ser direto, realizado pelo próprio funcionário, ou indireto, por intermédio de terceiro.
37
O crime de peculato mediante erro de outrem consuma-se no momento em que o agente público recebe o bem por erro de terceiro, independentemente de qualquer manifestação posterior de vontade de se apropriar dele
❌ A afirmação está errada. A consumação do crime de peculato mediante erro de outrem ocorre com a inversão do título da posse, quando o agente público, que recebeu dinheiro ou utilidade no exercício do cargo por erro de outra pessoa, deixa de deter o bem em nome alheio (alieno domine) e passa a possuí-lo como dono (causa dominii). Esse elemento subjetivo deve ser demonstrado por ato exterior, que vá além da mera vontade interna do agente.
38
Configura-se a forma qualificada do crime de resistência quando, em decorrência da oposição violenta ou ameaçadora do agente, o ato legal deixa de ser executado.
✅ Certo. O artigo 329, parágrafo primeiro, do Código Penal, prevê a forma qualificada do crime de resistência, com pena de reclusão de um a três anos, quando, em razão da resistência, o ato legal não se executa, caracterizando crime qualificado pelo resultado.
39
No crime de prevaricação, o interesse pessoal deve ser obrigatoriamente de natureza econômica e o sentimento pessoal deve ter conotação negativa, como ódio ou desdém
❌ A assertiva está errada. O interesse pessoal pode ser material ou moral, sendo econômico ou não. O sentimento pessoal refere-se a qualquer estado emocional que motive o descumprimento do dever funcional, podendo ser inclusive nobre, não sendo exigido que tenha conotação negativa.
40
O crime de desacato exige resultado naturalístico para sua consumação, sendo necessário que a ofensa produza dano efetivo à honra do funcionário público.
❌ Errado. O crime de desacato é formal, consumando-se no momento do ultraje ou da ofensa, independentemente da ocorrência de resultado naturalístico. É imprescindível, contudo, que a ofensa ocorra na presença do funcionário público, sob pena de configurar-se, de forma subsidiária, crime contra a honra.
41
O pagamento posterior do tributo elidido extingue a punibilidade do crime de descaminho.
❌ Errado. Por se tratar de crime formal, o descaminho não tem sua punibilidade extinta pelo pagamento ou parcelamento posterior do tributo, conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça (STJ, AgRg no AREsp 1259739/SP, DJe 11/06/2019).
42
Qualquer funcionário público pode cometer o crime de inserção de dados falsos em sistema de informações
❌ A afirmação está errada. O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações é próprio e só pode ser cometido por funcionário público que possua autorização de acesso aos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública. Não basta a simples condição de funcionário público — é imprescindível que o agente seja autorizado a operar os sistemas para que se configure o delito.
43
A consumação do crime de corrupção ativa depende da aceitação da vantagem indevida pelo funcionário público, sendo, portanto, um crime material.
❌ Errado. O crime de corrupção ativa é formal e se consuma no momento em que a vantagem indevida é prometida para que o ato de ofício seja praticado com infração de dever funcional, sendo irrelevante a aceitação ou solicitação do funcionário público (STJ, HC 445469/RJ).
44
Na corrupção, mesmo que particular e funcionário público atuem em concurso, ambos responderão pelo mesmo crime, com base na teoria monista.
❌ Errado. A corrupção constitui exceção à teoria monista, pois, ainda que o particular e o funcionário público ajam em concurso, cada um responde por crime distinto: o particular por corrupção ativa (art. 333 do Código Penal) e o funcionário público por corrupção passiva (art. 317 do Código Penal).
45
A sonegação de contribuição previdenciária ocorre, entre outras hipóteses, quando o empregador omite da folha de pagamento segurados que lhe prestam serviços ou deixa de contabilizar mensalmente as quantias devidas.
✅ A afirmativa está correta. O artigo 337-A do Código Penal tipifica como crime a conduta de suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante, entre outras ações: (i) omitir da folha de pagamento da empresa segurados que lhe prestem serviços
46
A modalidade especial de excesso de exação ocorre quando o funcionário público desvia, em proveito próprio ou de outrem, o valor que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, configurando hipótese de apropriação dos recursos
✅ A afirmação está correta. O parágrafo segundo do artigo 316 do Código Penal descreve uma modalidade especial de excesso de exação, que se verifica quando o funcionário público desvia, em benefício próprio ou de terceiros, o valor que recebeu indevidamente para repassar aos cofres públicos. Trata-se de hipótese de apropriação, com pena de reclusão de dois a doze anos e multa.
47
A conduta de desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela foi considerada atípica pelo Superior Tribunal de Justiça, razão pela qual não subsiste sua criminalização.
❌ Errado. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que subsiste a criminalização da conduta de desacato no ordenamento jurídico brasileiro, reconhecendo a validade do artigo 331 do Código Penal, conforme decidido no julgamento do HC 379.269/MS e reafirmado no AgRg no RHC 90034/RS.
48
É válida a denúncia por corrupção ativa ainda que não descreva o oferecimento de vantagem indevida para a prática de ato de ofício com infringência de dever funcional.
❌ Errado. O Superior Tribunal de Justiça entende ser inepta a denúncia por corrupção ativa se não houver a descrição do oferecimento de vantagem indevida a funcionário público com o fim de determiná-lo a praticar ato de ofício com violação de dever funcional, sendo indispensável a presença desse nexo na narrativa acusatória (STJ, RHC 82611/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 21/06/2019).
49
O crime de sonegação de contribuição previdenciária é próprio, culposo, permanente e unissubsistente, não admitindo a tentativa.
❌ A afirmativa está errada. O crime de sonegação de contribuição previdenciária é comum, pois não exige qualidade especial do sujeito ativo
50
O crime de subtração ou inutilização de livro ou documento é próprio, doloso, de forma vinculada e unissubsistente, sendo inadmissível a tentativa.
❌ A afirmativa está errada. Trata-se de crime comum, pois não exige qualidade específica do sujeito ativo. É doloso, sem previsão de modalidade culposa, de forma livre, instantâneo e plurissubsistente, o que permite o fracionamento da conduta e, portanto, admite a modalidade tentada. A maioria da doutrina entende não ser necessário elemento subjetivo especial do injusto.
51
A forma majorada do crime de fraude processual somente se configura se a inovação ocorrer durante a tramitação de processo penal já instaurado.
❌ Errado. A forma majorada prevista no parágrafo único do artigo 347 do Código Penal aplica-se quando a inovação ocorre com o objetivo de produzir efeito em processo penal, sendo desnecessária a existência de processo penal já instaurado. O Superior Tribunal de Justiça entende que, diferentemente do caput, essa modalidade não exige pendência de processo (STJ, RHC 53491/PE, Rel. Min. Félix Fischer, DJe 27/11/2005).
52
O crime de patrocínio de contratação indevida é comum, culposo, formal e permanente, admitindo coautoria entre particulares.
❌ A afirmativa está errada. O crime de patrocínio de contratação indevida é próprio, pois exige que o agente seja funcionário público. É doloso, sem previsão de forma culposa, e material, pois requer que o patrocínio dê causa à instauração da licitação ou à celebração do contrato. Trata-se de crime de forma livre, plurissubsistente, unissubjetivo e instantâneo.
53
É possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária, por serem ambos do mesmo gênero.
❌ A afirmativa está errada. Embora os crimes de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária pertençam ao mesmo gênero, eles são de espécies distintas, pois descrevem condutas diferentes. Por essa razão, o Superior Tribunal de Justiça não admite o reconhecimento de crime continuado entre eles. Precedente: STJ, AgRg no AREsp 1172428/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 20/06/2018.
54
No crime de corrupção passiva, é imprescindível a demonstração do nexo de causalidade entre a vantagem indevida e o ato de ofício para que se configure o delito
❌ A afirmação está incorreta. Segundo entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, para a configuração do crime de corrupção passiva, é desnecessária a demonstração de nexo causal entre a vantagem e a prática, omissão ou retardamento de ato de ofício. A exigência de vínculo entre a vantagem e as competências formais do agente aplica-se apenas ao crime de corrupção ativa, previsto no caput do artigo 333 do Código Penal. No artigo 317 do Código Penal, que trata da corrupção passiva, o “ato de ofício” aparece apenas como causa de aumento (§1.º) e na modalidade privilegiada (§2.º), conforme decisão no REsp 1745410/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 23/10/2018.
55
O crime de abandono de função, quando resultar prejuízo público, configura uma forma qualificada, com pena aumentada.
"✅ Correto. O parágrafo primeiro do artigo 323 do Código Penal prevê forma qualificada do crime de abandono de função, caso do fato resultar prejuízo público. Nessa hipótese, há um maior desvalor do resultado, e a pena passa a ser de detenção de três meses a um ano, além de multa."
56
A configuração do crime de desobediência exige que o agente deixe de atender ordem legal específica emanada por funcionário público competente.
✅ Certo. O artigo 330 do Código Penal tipifica como crime a conduta de desobedecer a ordem legal de funcionário público, desde que essa ordem seja dirigida especificamente ao agente e este esteja obrigado a cumpri-la.
57
É correto afirmar que a Justiça Federal somente será competente para julgar o crime de contrabando se houver indícios de transnacionalidade da conduta?
❌ Errado. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a Justiça Federal é competente para julgar o crime de contrabando em todos os casos, independentemente da existência de indícios de transnacionalidade. Isso se deve ao fato de que o contrabando tutela prioritariamente interesses da União, como a definição dos produtos de ingresso proibido no país e a fiscalização aduaneira e de fronteiras, exercida pela Receita Federal e pela Polícia Federal (STJ, AgRg no CC 160673/SP, DJe 19/02/2019).
58
O crime de fraude processual é comum, doloso, exige a intenção de induzir o juiz ou o perito a erro, é instantâneo e admite tentativa por ser plurissubsistente.
✅ Correto. O crime de fraude processual pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum), exige dolo com elemento subjetivo especial consistente na intenção de induzir o juiz ou o perito a erro. É um crime instantâneo, consumando-se em um momento determinado, e plurissubsistente, o que permite a sua tentativa, já que a conduta é fracionável.
59
No crime de corrupção passiva, é imprescindível a identificação ou a condenação do particular corruptor para que haja responsabilização do agente público
❌ A afirmação está errada. De acordo com entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, não é necessária a identificação ou condenação do corruptor ativo (particular) para que se possa punir o funcionário público pelo crime de corrupção passiva. A bilateralidade entre os crimes de corrupção ativa e passiva é apenas fático-jurídica, não sendo exigida no plano processual. (STJ, AgInt no AREsp 1064109/GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 20/09/2017).
60
A pena do crime de contrabando é aplicada em dobro quando praticado por meio de transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
✅ Correto. O parágrafo terceiro do artigo 334-A do Código Penal prevê a aplicação em dobro da pena nos casos em que o contrabando for praticado utilizando transporte aéreo, marítimo ou fluvial, devido à maior dificuldade de fiscalização em comparação com o transporte rodoviário.
61
A concussão pode ser praticada por qualquer pessoa que exija vantagem indevida, independentemente de ocupar cargo público ou agir em razão da função pública
❌ A afirmação está errada. O crime de concussão é próprio, ou seja, só pode ser praticado por funcionário público. Admite-se, no entanto, que o agente ainda não tenha tomado posse ou esteja licenciado, desde que a exigência da vantagem indevida decorra da função pública exercida ou a ser exercida. A relação funcional é, portanto, essencial para a configuração do tipo penal.
62
A retratação no crime de falso testemunho ou falsa perícia pode ser feita até antes da sentença proferida no processo penal instaurado para apuração do próprio crime de falso testemunho ou falsa perícia.
❌ Errado. A retratação prevista no parágrafo segundo do artigo 342 do Código Penal constitui causa de extinção da punibilidade e deve ocorrer antes da sentença no processo em que foi praticado o falso testemunho ou a falsa perícia. Não se aplica ao processo penal instaurado para apuração do próprio crime, mas sim ao processo originário em cujo curso foi cometido o ilícito.
63
O peculato-furto exige que o funcionário público tenha a posse do bem subtraído, sendo essa posse condição indispensável para a tipificação da conduta
❌ A afirmação está errada. O peculato-furto, previsto no parágrafo primeiro do artigo 312 do Código Penal, caracteriza-se justamente pela ausência de posse prévia do bem por parte do agente. A conduta típica é a subtração, ou o concurso para a subtração, de dinheiro, valor ou bem, em proveito próprio ou alheio, desde que o agente se valha da facilidade proporcionada pela função pública. Essa facilidade funcional é o que distingue o peculato-furto do furto comum do artigo 155 do Código Penal.
64
É incorreto aplicar o princípio da insignificância ao crime de descaminho, uma vez que se trata de crime contra a Administração Pública, para o qual o Supremo Tribunal Federal não admite a irrelevância penal da conduta
❌ A afirmação está errada. O Supremo Tribunal Federal reconhece de forma pacífica a aplicabilidade do princípio da insignificância ao crime de descaminho, mesmo sendo este um crime contra a Administração Pública. Para tanto, utiliza-se como parâmetro o valor de R$ 20.000,00, conforme estipulado no art. 20 da Lei nº 10.522/2002, com atualização pelas Portarias nº 75 e nº 130/2012 do Ministério da Fazenda. No caso citado (STF, HC 121717/PR, Rel. Min. Rosa Weber, 03/06/2014), considerou-se atípica a conduta que envolvia elisão de tributos federais em quantia pouco superior a R$ 10.000,00.
65
No crime de frustração do caráter competitivo de licitação, a vantagem obtida deve ser necessariamente econômica e quantificável.
❌ A afirmativa está errada. Embora a vantagem obtida no crime de frustração do caráter competitivo de licitação não precise ser necessariamente econômica ou quantificável, é exigido que ela tenha o potencial de causar prejuízo ao erário. A lei não restringe o tipo de vantagem, que pode consistir, por exemplo, em liderança no mercado local, desde que relacionada à violação do bem jurídico tutelado.
66
Configura o crime de introdução de aparelho telefônico em estabelecimento prisional apenas a conduta de ingressar fisicamente com o aparelho no local.
❌ Errado. O crime previsto no artigo 349-A do Código Penal, incluído pela Lei 12.012/2009, é de tipo penal misto alternativo, admitindo diversas formas de conduta, como ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico móvel, de rádio ou similar em estabelecimento prisional, sem autorização legal. Assim, não se limita ao ingresso físico do agente com o objeto.
67
O crime de corrupção ativa em transação comercial internacional é instantâneo, plurissubsistente e sempre admite tentativa, independentemente da forma como se realiza a conduta.
❌ A afirmativa está errada. O crime de corrupção ativa em transação comercial internacional é classificado como instantâneo, pois sua consumação ocorre em um momento determinado no tempo. Trata-se de crime plurissubsistente, admitindo tentativa quando a conduta puder ser fracionada. No entanto, se o agente apenas promete ou oferece verbalmente a vantagem indevida, não é possível a tentativa.
68
O crime de favorecimento real configura-se mesmo que o auxílio tenha sido previamente ajustado com o autor do crime durante a execução do delito.
❌ Errado. Para que se configure o crime de favorecimento real, é necessário que a conduta do agente ocorra após a consumação do crime ou, no caso de tentativa, após o fim dos atos executórios, e que não tenha havido acordo prévio com o autor do crime. Se houver ajuste anterior, trata-se de concurso de pessoas, sendo o agente considerado partícipe do delito principal.
69
A existência de sanção civil ou administrativa específica para o descumprimento da ordem torna atípica a conduta de desobedecer a ordem legal de funcionário público, segundo entendimento doutrinário majoritário.
✅ Certo. De acordo com o entendimento majoritário mencionado, não se configura o crime de desobediência quando há cominação de sanção civil ou administrativa específica, por aplicação do princípio da subsidiariedade, mesmo que essa limitação ao ius puniendi seja considerada contra legem por autores como Nilo Batista.
70
Para a perfeita configuração do crime de corrupção passiva, é necessário que o favorecimento negociado pelo agente público esteja vinculado às atribuições do cargo que exerce
✅ A afirmação está correta. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Inquérito 4342, decidiu que a perfeita subsunção da conduta ao crime de corrupção passiva exige a demonstração de que o favorecimento negociado pelo agente público encontra-se no rol das atribuições inerentes à função exercida. No caso concreto, a denúncia foi considerada inepta por não indicar quais atribuições do cargo teriam sido objeto da negociação nem os interesses envolvidos, reforçando a necessidade de vínculo entre a vantagem indevida e as atribuições do agente.
71
O crime de concussão é formal, exige dolo e possui elemento subjetivo especial, consistente na obtenção de vantagem indevida para si ou para outrem
✅ A afirmação está correta. O crime de concussão exige dolo como elemento subjetivo e não admite a forma culposa. Além disso, apresenta elemento subjetivo especial do injusto, expresso na fórmula “para si ou para outrem”. Trata-se de crime formal, cuja consumação independe da efetiva obtenção da vantagem indevida, bastando a exigência.
72
O crime de advocacia administrativa é formal, próprio, doloso e admite tentativa na forma plurissubsistente
✅ Correto. Trata-se de crime próprio, praticado por funcionário público, que se consuma independentemente de resultado naturalístico (crime formal), sendo exigido apenas o dolo, sem necessidade de finalidade específica. É ainda plurissubsistente, o que admite a tentativa, nos termos do art. 321 do Código Penal.
73
O crime de favorecimento real consiste em prestar auxílio ao criminoso para que ele se livre da ação da autoridade pública, desde que não se trate de coautoria ou receptação.
❌ Errado. O crime de favorecimento real, previsto no artigo 349 do Código Penal, consiste em prestar auxílio ao criminoso com o objetivo de tornar seguro o proveito do crime, e não em ajudá-lo a se subtrair da ação da autoridade — hipótese esta que caracteriza o favorecimento pessoal. O auxílio não deve configurar coautoria nem receptação, pois nesses casos aplica-se o tipo penal correspondente.
74
Na modalidade privilegiada da corrupção passiva, exige-se que o funcionário público receba vantagem indevida para que se configure o delito
❌ A assertiva está incorreta. A modalidade privilegiada do artigo 317, § 2º, do Código Penal prescinde do recebimento de vantagem indevida, configurando-se quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
75
O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações exige a ocorrência efetiva de vantagem indevida ou prejuízo à Administração Pública para que se considere consumado
❌ A afirmação está errada. O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, previsto no artigo 313-A do Código Penal, é doloso e exige elemento subjetivo especial do tipo, consistente na finalidade de obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou de causar dano. Contudo, trata-se de crime formal, consumando-se com a prática da conduta típica, independentemente da efetiva obtenção da vantagem ou da concretização do dano.
76
O crime de evasão mediante violência contra a pessoa é próprio e de mão própria, podendo ser praticado exclusivamente por preso ou internado e não admitindo coautoria.
✅ Correto. O crime previsto no artigo 352 do Código Penal é próprio, pois somente pode ser praticado por quem se encontra legalmente preso ou internado em razão de medida de segurança. É, ainda, crime de mão própria, já que exige a atuação pessoal do agente, não admitindo coautoria.
77
O crime de favorecimento pessoal é comum, doloso, formal, instantâneo e plurissubsistente, admitindo tentativa.
✅ Correto. O crime de favorecimento pessoal pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum) e exige dolo, sem previsão de modalidade culposa nem de elemento subjetivo especial do injusto. Trata-se de crime formal, consumando-se sem necessidade de resultado naturalístico. É instantâneo, consumando-se em momento determinado, e plurissubsistente, admitindo a tentativa por ser fracionável.
78
Configura-se a modalidade majorada do crime de corrupção ativa quando o funcionário público, em razão da vantagem indevida, retarda ou omite ato de ofício ou o pratica com infringência de dever funcional.
✅ Correto. O parágrafo único do artigo 333 do Código Penal prevê causa de aumento de um terço na pena se o funcionário, em razão da vantagem ou promessa indevida, retarda, omite ou pratica ato de ofício com violação de dever funcional. Trata-se de resultado naturalístico que agrava a pena, embora não seja exigido para a consumação da modalidade simples do delito.
79
O crime de desacato, conforme interpretação do Supremo Tribunal Federal, configura-se mesmo quando a ofensa for proferida por meio de redes sociais, desde que haja menosprezo à função pública.
❌ Errado. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a recepção do artigo 331 do Código Penal pela Constituição de 1988, mas estabeleceu interpretação restritiva: o crime exige a presença do funcionário público, a ofensa deve menosprezar a função pública e obstruir ou perturbar a execução de suas funções, não se aplicando a ofensas por meio de imprensa ou redes sociais, nem a críticas veementes protegidas pela liberdade de expressão.
80
O crime de desacato configura-se mesmo que o funcionário público não esteja no exercício da função, desde que a ofensa esteja relacionada a ela.
✅ Certo. O crime de desacato exige nexo funcional entre a ofensa e o exercício da função pública, bastando que a humilhação ocorra em razão da função, ainda que o agente não esteja no momento no exercício dela, como ao ofender um delegado chamando-o de corrupto em local público.
81
A prática do ato de ofício pelo funcionário público é condição necessária para a consumação do crime de corrupção ativa.
❌ Errado. Para a configuração do crime de corrupção ativa, não se exige a efetiva prática do ato de ofício pelo funcionário público. O crime se consuma com a oferta ou promessa de vantagem indevida, e a prática, omissão ou retardamento do ato configura causa de aumento de pena, conforme o parágrafo único do artigo 333 do Código Penal e o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ, AgRg no HC 446612/PR).
82
O Supremo Tribunal Federal admite a aplicação do princípio da insignificância ao crime de sonegação de contribuição previdenciária, desde que o valor envolvido seja reduzido.
❌ A afirmativa está errada. O Supremo Tribunal Federal possui precedente que não admite a aplicação do princípio da insignificância ao crime de sonegação de contribuição previdenciária, mesmo em casos de valor reduzido, em razão do elevado grau de reprovabilidade da conduta. Precedente: STF, RHC 132706 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgamento em 21/06/2016.
83
O crime de corrupção passiva somente se configura quando o funcionário público recebe efetivamente a vantagem indevida, sendo atípicas as condutas de solicitação ou aceitação de promessa
❌ A afirmação está errada. O artigo 317 do Código Penal prevê como típicas as condutas do funcionário público que solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida, para si ou para outrem, direta ou indiretamente. Assim, não é necessário o recebimento efetivo da vantagem para a configuração do crime, bastando a solicitação ou aceitação da promessa.
84
A comunicação falsa de crime ou contravenção se diferencia da denunciação caluniosa porque, naquela, o agente atribui falsamente a prática de infração penal a alguém determinado, enquanto nesta apenas afirma genericamente a ocorrência de crime inexistente.
❌ Errado. A comunicação falsa de crime ou contravenção, prevista no artigo 340 do Código Penal, ocorre quando o agente comunica à autoridade a ocorrência de infração penal que sabe não ter acontecido, sem imputar o fato a pessoa determinada. Já na denunciação caluniosa, prevista no artigo 339 do Código Penal, o agente imputa falsamente a prática de crime, ato ímprobo ou infração ético-disciplinar a pessoa sabidamente inocente.
85
O crime de frustração do caráter competitivo de licitação é próprio, culposo, permanente, de forma vinculada e unissubsistente, não admitindo tentativa.
❌ A afirmativa está errada. O crime de frustração do caráter competitivo de licitação é comum, pois não exige qualidade específica do sujeito ativo
86
O crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento é próprio, doloso, de forma livre e, segundo a doutrina, admite tentativa apenas nas modalidades plurissubsistentes, como extraviar e inutilizar
✅ A afirmação está correta. Trata-se de crime próprio, que só pode ser praticado por funcionário público. É doloso, não exigindo elemento subjetivo especial do tipo. A doutrina o classifica como plurissubsistente, salvo a modalidade de sonegação, que por ser unissubsistente não admite tentativa. As demais formas, por permitirem fracionamento da conduta, admitem a forma tentada.
87
O crime de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prorrogado configura-se quando o funcionário público inicia suas atividades antes do cumprimento das exigências legais ou continua a exercê-las após ciência oficial de sua exoneração, remoção, substituição ou suspensão.
"✅ Certo. O artigo 324 do Código Penal incrimina tanto a conduta de ingresso no exercício da função pública antes de cumpridas as exigências legais quanto a de permanência indevida após o agente ter sido oficialmente cientificado da exoneração, remoção, substituição ou suspensão, tutelando o regular funcionamento da Administração Pública."
88
A simples utilização provisória do bem por funcionário público, com a intenção de devolvê-lo, caracteriza o crime de peculato-apropriação, independentemente da intenção de posse definitiva
❌ A afirmação está errada. A configuração do crime de peculato-apropriação exige o animus rem sibi habendi, ou seja, a intenção de se apropriar definitivamente da coisa, com a inversão da natureza da posse. Por isso, a apropriação meramente temporária, conhecida como peculato de uso, é considerada atípica por grande parte da doutrina e da jurisprudência. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu a irrelevância penal da conduta quando o agente apenas utiliza o bem com a intenção de devolvê-lo, não caracterizando crime (STJ, HC 415135/RS, Rel. Min. Felix Fischer, DJe 24/05/2018).
89
É correto afirmar que o crime de usurpação de função pública configura-se mesmo que o agente não pratique nenhum ato inerente à função pública usurpada?
❌ Errado. Para a caracterização do crime de usurpação de função pública, é indispensável que o agente efetivamente pratique atos inerentes à função pública, seja ela remunerada ou não, permanente ou transitória, conforme o previsto no artigo 328 do Código Penal.
90
O crime de corrupção ativa em transação comercial internacional é próprio, admite modalidade culposa e dispensa a presença de elemento subjetivo especial do tipo.
❌ A afirmativa está errada. Trata-se de crime comum, pois não exige qualidade especial do sujeito ativo. É doloso, sem previsão de modalidade culposa. Além disso, exige elemento subjetivo especial do tipo, consistente na intenção de determinar o funcionário público estrangeiro a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional.
91
Comete o crime de fraude processual quem, por meio de artifício ou ardil, altera o estado de lugar, coisa ou pessoa durante processo civil ou administrativo, com o objetivo de induzir a erro o juiz ou o perito.
✅ Correto. O artigo 347 do Código Penal tipifica como crime a conduta de inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com a finalidade de induzir a erro o juiz ou o perito. A modificação deve recair exclusivamente sobre esses três objetos materiais, não sendo admitida analogia para outros elementos.
92
O crime de violação de sigilo funcional admite a modalidade culposa e pode ser praticado por qualquer pessoa que tenha acesso a informação sigilosa.
"❌ Errado. O crime de violação de sigilo funcional é doloso, não havendo previsão de modalidade culposa. Além disso, trata-se de crime próprio, exigindo que o sujeito ativo seja funcionário público e que tenha conhecimento do fato sigiloso em razão da função exercida."
93
O crime de afastamento de licitante exige, para sua consumação, que o concorrente seja efetivamente removido do certame, não se configurando quando há apenas tentativa de afastamento.
❌ A afirmativa está errada. O crime de afastamento de licitante, previsto no artigo 337-K do Código Penal, é classificado como crime de atentado ou de mero empreendimento, em que a tentativa é equiparada à consumação. Assim, basta que o agente tente afastar o licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem, para que o delito se configure, independentemente de êxito.
94
A conduta de agente público que expede passagens aéreas a terceiros, às custas do erário e sem interesse público, configura peculato culposo, por não demonstrar dolo
❌ A afirmação está errada. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu que a expedição de passagens aéreas a terceiros, sem interesse público e às custas do erário, configura peculato-desvio, e não peculato culposo. Isso porque ficou comprovado o dolo, consubstanciado na consciência e vontade do agente de desviar verba pública de sua finalidade legal, em benefício de outrem e em atendimento a interesses privados, preenchendo todos os elementos objetivos e subjetivos do artigo 312, caput, segunda parte, do Código Penal (APn 629/RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 10/08/2018).
95
No crime de impedimento indevido, basta que o agente obste ou cancele registros cadastrais de interessados na licitação, ainda que a medida tenha amparo legal ou esteja prevista nas normas aplicáveis.
❌ A afirmativa está errada. O crime de impedimento indevido, previsto no artigo 337-N do Código Penal, exige a presença do elemento normativo “injustamente” ou “indevidamente”. Assim, se a conduta de obstar, impedir, dificultar ou promover alteração, suspensão ou cancelamento de registro estiver amparada em fundamento legal ou nas normas aplicáveis, será considerada atípica.
96
O crime de evasão mediante violência contra a pessoa configura-se quando o preso ou internado foge ou tenta fugir, utilizando coação física contra alguém.
✅ Correto. O artigo 352 do Código Penal tipifica como crime a evasão, ou tentativa de evasão, praticada por preso ou internado submetido a medida de segurança detentiva, desde que empregue violência contra a pessoa, o que implica o uso de coação física como forma vinculada da conduta.
97
O crime de tráfico de influência em transação comercial internacional é próprio, culposo, de forma vinculada e unissubsistente, não admitindo tentativa.
❌ A afirmativa está errada. O crime de tráfico de influência em transação comercial internacional é comum, pois não exige qualidade especial do sujeito ativo
98
O crime de comunicação falsa de crime ou contravenção é doloso, material, instantâneo, admite tentativa e consuma-se com o início de providências pela autoridade.
✅ Correto. Trata-se de crime doloso, sem previsão de modalidade culposa. É classificado como material, pois exige a modificação do mundo exterior para sua consumação, o que se dá com o início das providências pela autoridade. É instantâneo, consumando-se em momento determinado, e, por ser plurissubsistente, admite tentativa.
99
É possível aumentar a pena do crime de corrupção ativa, na primeira fase da dosimetria, com base no motivo do crime quando este for o intuito de lucro.
❌ Errado. O intuito de lucro é elemento ínsito ao crime de corrupção ativa e, por isso, não pode justificar o aumento da pena na primeira fase da dosimetria, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1648924/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro).
100
O crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento admite como objeto material qualquer bem público ou particular que esteja sob a posse momentânea do agente público, ainda que não tenha relação com o exercício do cargo
❌ A afirmação está errada. O crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (artigo 314 do Código Penal) tem como objeto material exclusivamente o livro oficial ou qualquer documento cuja guarda o funcionário público detenha em razão do cargo. Não se admite, portanto, a incidência do tipo sobre bens que estejam sob posse momentânea e desvinculada da função pública.
101
Por ser crime instantâneo e de execução vinculada, o delito de inserção de dados falsos em sistema de informações não admite tentativa
❌ A afirmação está errada. O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações é classificado como de forma livre, pois a lei não limita as formas de sua prática, e também como crime plurissubsistente, uma vez que seu iter criminis pode ser fracionado. Por essa razão, admite a tentativa.
102
O crime de reingresso de estrangeiro expulso é de mão própria, doloso, material, instantâneo e admite tentativa, segundo entendimento majoritário.
✅ Correto. Trata-se de crime de mão própria, pois somente o estrangeiro expulso pode praticá-lo. É crime doloso, sem previsão de modalidade culposa. A maioria da doutrina o classifica como crime material. Ainda segundo o entendimento predominante, é instantâneo e plurissubsistente, sendo possível sua tentativa.
103
O crime de corrupção ativa exige que o agente ofereça ou prometa vantagem indevida ao funcionário público para que este pratique, omita ou retarde ato de ofício.
✅ Certo. O crime de corrupção ativa, previsto no artigo 333 do Código Penal, consiste em oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público com o fim de determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
104
O peculato-furto admite punição com base na culpa, sendo suficiente a negligência do agente público no manuseio do bem público
❌ A afirmação está errada. O peculato-furto exige, como elemento subjetivo, o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de subtrair, em proveito próprio ou alheio, bem móvel que não esteja na posse do agente. É indispensável o animus rem sibi habendi, que representa o desejo de se apoderar definitivamente da coisa alheia. A conduta culposa não é suficiente para a configuração desse tipo penal.
105
O detetive particular comete, por si só, o crime de usurpação de função pública ao exercer sua profissão, mesmo que atue apenas na esfera extrapenal.
❌ Errado. O exercício da atividade de detetive particular, conforme a Lei n. 13.432/2017, restringe-se à seara extrapenal e não configura, por si só, o crime de usurpação de função pública previsto no art. 328 do Código Penal. Somente se o detetive extrapolar os limites legais e atuar em diligências criminais é que poderá incorrer no delito.
106
Configura-se a forma qualificada do crime de promover ou facilitar fuga de pessoa legalmente presa quando a conduta for praticada a mão armada, por mais de uma pessoa ou mediante arrombamento, sendo irrelevante se a arma for própria ou imprópria.
✅ Correto. A forma qualificada do crime do artigo 351, §1º, do Código Penal, aplica-se quando a fuga for promovida ou facilitada a mão armada (abrangendo arma própria ou imprópria), por mais de uma pessoa ou mediante arrombamento, entendido como destruição ou deslocamento de obstáculo. Há divergência quanto à contagem apenas de coautores ou também de partícipes na hipótese de pluralidade de agentes.
107
O dirigente de uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), que presta serviços públicos mediante repasse de verbas públicas, pode ser equiparado a funcionário público para fins penais.
"✅ Certo. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o dirigente de entidade caracterizada como OSCIP que presta serviços públicos com repasse de verbas públicas pode ser equiparado a funcionário público, nos termos do § 1º do artigo 327 do Código Penal, por se tratar de entidade paraestatal (STJ, HC 416672/PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Pinheiro, DJe 11/10/2019)."
108
No crime de advocacia administrativa, o patrocínio de interesse privado pode se dar de forma indireta, por interposta pessoa, desde que o agente se valha da sua qualidade de funcionário público
✅ Correto. O crime de advocacia administrativa, previsto no artigo 321 do Código Penal, configura-se quando o funcionário público patrocina, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública, utilizando-se da sua função. O patrocínio pode ser feito por interposta pessoa, desde que caracterizada a utilização da qualidade funcional para favorecer o interesse privado.
109
A configuração do crime de corrupção passiva exige, necessariamente, que a vantagem indevida tenha natureza econômico-financeira, pois somente esse tipo de benefício é penalmente relevante
❌ A afirmação está errada. Embora exista divergência doutrinária, o entendimento majoritário — respaldado no próprio texto legal — é de que a vantagem indevida, para fins de caracterização da corrupção passiva, pode ser de qualquer natureza, desde que seja injusta e ilícita. A lei não exige que a vantagem seja necessariamente econômica ou financeira.
110
Por ser crime de forma livre e formal, a tentativa de corrupção passiva é sempre admissível, independentemente do modo como se dá a solicitação ou aceitação da vantagem indevida
❌ A afirmação está errada. Embora a corrupção passiva seja crime de forma livre e, via de regra, plurissubsistente, a tentativa não será admitida quando a solicitação ou aceitação da vantagem indevida ocorrer de forma oral, pois se trata de conduta unissubsistente, ou seja, que se consuma em um único ato, o que impede o fracionamento do iter criminis.
111
O crime de facilitação de contrabando ou descaminho se configura mesmo quando o agente não viola seu dever funcional, bastando que tenha vínculo com a Administração Pública
❌ A assertiva está incorreta. Para a configuração do crime previsto no artigo 318 do Código Penal, é indispensável que o funcionário público facilite a prática de contrabando ou descaminho mediante a violação de dever funcional, elemento normativo essencial do tipo penal.
112
O crime de sonegação de contribuição previdenciária é formal e sua consumação independe da constituição definitiva do crédito tributário.
❌ A afirmativa está errada. Apesar de divergência doutrinária quanto à existência de resultado naturalístico, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça consolidaram o entendimento de que o crime de sonegação de contribuição previdenciária é material, consumando-se apenas após a constituição definitiva do crédito tributário, o que também influencia o marco inicial da prescrição penal. Precedente: STJ, HC 324131/SP, Rel. Des. Convocado Leopoldo de Arruda Pedroso, Quinta Turma, DJe 23/09/2015.
113
O crime de violação de sigilo em licitação é próprio, plurissubjetivo, permanente e admite a modalidade culposa.
❌ A afirmativa está errada. O crime de violação de sigilo em licitação é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa
114
O crime de exploração de prestígio é comum, doloso e pode ser considerado formal na modalidade de solicitar, e material na modalidade de receber, admitindo tentativa conforme entendimento majoritário.
✅ Correto. Trata-se de crime comum, doloso e que não exige elemento subjetivo especial do injusto. É formal quando o agente solicita vantagem, mas é material quando a recebe. Classifica-se como crime instantâneo e plurissubsistente, admitindo a tentativa, exceto se a solicitação ocorrer verbalmente, hipótese em que a conduta é unissubsistente.
115
Comete o crime de falso testemunho ou falsa perícia o agente que, na qualidade de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, faz afirmação falsa, nega ou cala a verdade sobre fato que conhece.
✅ Correto. O artigo 342 do Código Penal tipifica como crime as condutas praticadas por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete que consistem em fazer afirmação falsa, negar a verdade ou calar a verdade, ou seja, omitir fato que conhece e que corresponde à realidade.
116
O crime de patrocínio de contratação indevida consuma-se independentemente da instauração de licitação ou da celebração de contrato, razão pela qual é classificado como crime formal.
❌ A afirmativa está errada. O crime de patrocínio de contratação indevida, previsto no artigo 337-G do Código Penal, exige que o patrocínio do funcionário público dê causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato. Como há necessidade de resultado naturalístico para sua consumação, trata-se de crime material.
117
No crime de prevaricação, exige-se que o funcionário público pratique ou se omita de praticar ato de ofício com o intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, em detrimento do interesse público
✅ A assertiva está correta. O crime de prevaricação, previsto no artigo 319 do Código Penal, exige que o agente atue de forma indevida, comissiva ou omissivamente, sempre com o fim de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, o que caracteriza o elemento subjetivo especial do tipo.
118
O peculato-desvio é crime formal, que se consuma com o simples ato de desviar bem público, não admitindo tentativa nem exigindo resultado naturalístico
❌ A afirmação está errada. O peculato-desvio é crime material, pois exige resultado naturalístico — a inversão da posse — para sua consumação. Além disso, é um crime de forma livre e plurissubsistente, ou seja, sua conduta pode ser fracionada, o que permite a tentativa. No aspecto subjetivo, exige dolo e também um elemento subjetivo especial: o proveito próprio ou alheio.
119
O crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações exige que o funcionário público atue com autorização da autoridade competente
❌ A afirmação está errada. O crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações, previsto no artigo 313-B do Código Penal, se configura justamente quando o funcionário público modifica ou altera sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. Os núcleos do tipo penal misto alternativo são "modificar" e "alterar", e a ausência de autorização é requisito essencial para a tipificação da conduta.
120
A consumação do crime de concussão exige a obtenção da vantagem indevida pelo agente público, sendo, portanto, um crime material que se conclui com o efetivo resultado lesivo
❌ A afirmação está errada. O crime de concussão é classificado como formal, consumando-se com a simples exigência de vantagem indevida pelo agente público, ainda que esta não se concretize. A efetiva obtenção da vantagem não é necessária para a consumação do delito, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ, AgRg no REsp 1366683/PR, DJe 24/11/2017).
121
O crime de introdução de aparelho telefônico em estabelecimento prisional é comum, doloso, formal, instantâneo e plurissubsistente, admitindo tentativa conforme entendimento predominante.
✅ Correto. Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É doloso, sem previsão de forma culposa nem exigência de elemento subjetivo especial. É crime formal, pois se consuma independentemente do resultado naturalístico (acesso do preso ao aparelho), sendo instantâneo e plurissubsistente, admitindo tentativa segundo entendimento majoritário.
122
Para que se configure o crime de fraude processual, é necessário que a conduta ocorra antes da instauração de processo civil ou administrativo.
❌ Errado. O crime de fraude processual, na modalidade prevista no caput do artigo 347 do Código Penal, exige que a conduta do agente ocorra na pendência de processo civil ou administrativo. Assim, o início do procedimento deve preceder a ação do agente, sendo essa uma condição para a configuração do tipo penal.
123
É admissível a aplicação do princípio da insignificância nos casos de contrabando de cigarros, por envolver pequeno valor tributário.
❌ Errado. No crime de contrabando, tutela-se a saúde pública ou a incolumidade pública, e não o valor do tributo elidido. Por isso, o Supremo Tribunal Federal afastou a aplicação do princípio da insignificância no caso de contrabando de cigarros, conforme decidido no HC 131205/MG.
124
O crime de violência arbitrária é classificado como formal, consumando-se com a simples ameaça de uso da força pelo agente público, ainda que não haja emprego de violência física
❌ Errado. O crime de violência arbitrária, previsto no artigo 322 do Código Penal, é classificado como crime material, exigindo o efetivo emprego de violência física (vis corporalis) para sua consumação. Não se consuma com mera ameaça, sendo indispensável o uso concreto da força.
125
É cabível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos no crime de coação no curso do processo, ainda que envolva violência ou grave ameaça.
❌ Errado. O Superior Tribunal de Justiça entende que não é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos no crime de coação no curso do processo, pois a violência ou grave ameaça é elemento do tipo penal e, por isso, não se cumpre o requisito exigido pelo artigo 44 do Código Penal (STJ, AgRg no AREsp 1.031.908/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 07/03/2018).
126
Configura-se a forma qualificada do crime de usurpação de função pública quando o agente obtém vantagem em decorrência da conduta ilícita, hipótese em que a pena cominada é aumentada.
✅ Correto. O parágrafo único do artigo 328 do Código Penal prevê a forma qualificada do crime de usurpação de função pública, caso o agente obtenha vantagem em razão da prática delituosa, sendo a pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.
127
O crime de violação de sigilo em licitação é próprio, pois somente o agente público pode ser responsabilizado pela quebra ou facilitação da quebra de sigilo.
❌ A afirmativa está errada. O crime de violação de sigilo em licitação, previsto no artigo 337-J do Código Penal, pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente de ser ou não funcionário público. Trata-se de tipo penal misto alternativo, que abrange as condutas de devassar ou proporcionar a quebra do sigilo licitatório.
128
As penas previstas para o crime de resistência são aplicáveis sem prejuízo daquelas correspondentes à violência empregada, salvo se esta configurar apenas contravenção de vias de fato, hipótese em que será absorvida.
✅ Certo. Nos termos do parágrafo segundo do artigo 329 do Código Penal, as penas do crime de resistência não excluem as penas pela violência praticada, salvo quando esta se restringir à contravenção de vias de fato, que será absorvida por se tratar de infração penal de menor gravidade.
129
O crime de descaminho admite a forma tentada por ser classificado como plurissubsistente.
✅ Certo. O crime de descaminho é considerado plurissubsistente, pois sua conduta pode ser fracionada, o que permite a tentativa. Além disso, trata-se de delito comum, doloso, de forma livre e instantâneo, consumando-se em um único momento.
130
É correto afirmar que o Governador de Estado, ao praticar crime funcional, não está sujeito à causa de aumento de pena do art. 327, §2º, do Código Penal, por não ocupar função de direção na Administração Pública?
❌ Errado. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, o Governador de Estado exerce função de direção da Administração Pública direta, razão pela qual incide na causa de aumento de pena prevista no art. 327, §2º, do Código Penal. A interpretação é compatível com o texto legal e não configura analogia in malam partem (STF, Inq 2606/MT, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 04/09/2014).
131
Auxiliar o autor de crime punido com reclusão a receber atendimento médico configura o crime de favorecimento pessoal.
❌ Errado. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que não configura o crime de favorecimento pessoal o auxílio prestado ao autor de crime com o objetivo exclusivo de garantir atendimento médico, uma vez que tal conduta não visa à fuga ou à subtração da ação da autoridade pública (STJ, HC 46209/BA, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 26/06/2006).
132
A fuga de menor internado por cumprimento de medida socioeducativa configura o crime de promover ou facilitar fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança, previsto no Código Penal.
❌ Errado. A expressão “pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva”, constante do caput do artigo 351 do Código Penal, não abrange o menor internado em razão de medida socioeducativa. Estender o alcance da norma penal para incluir essa hipótese configuraria analogia in malam partem, vedada pelo princípio da legalidade (STJ, RHC 86991/SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 18/10/2017).
133
A condescendência criminosa se consuma quando o funcionário público, por indulgência, deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, não sendo de sua competência, deixa de comunicar o fato à autoridade competente.
✅ Correto. O artigo 320 do Código Penal incrimina a conduta do funcionário público que, por indulgência, se omite em sua obrigação de responsabilizar o subordinado que praticou infração no exercício do cargo ou, quando não é competente para tanto, deixa de comunicar o fato à autoridade competente, sendo a infração administrativa ou penal.
134
O crime de concussão configura uma forma de extorsão praticada com abuso de autoridade, sendo necessário que o mal prometido esteja relacionado ao exercício da função pública do agente
✅ A afirmação está correta. A concussão é uma modalidade de extorsão caracterizada pelo uso da função pública para coagir alguém à entrega de vantagem indevida, ou seja, envolve abuso de autoridade. Caso o mal prometido pelo agente não tenha relação com sua função pública, o crime configurado será o de extorsão comum, e não concussão.
135
Comete o crime de exercício arbitrário das próprias razões quem faz justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão legítima, mesmo nos casos em que a lei autoriza tal conduta.
❌ Errado. O crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no artigo 345 do Código Penal, consiste em fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão, ainda que legítima, salvo quando a lei autoriza essa conduta. Se houver permissão legal, como nos casos de legítima defesa ou retenção de bens legalmente autorizada, não se configura o crime.
136
Quando o agente desacata simultaneamente dois ou mais funcionários públicos, em um mesmo contexto fático, incorrerá em concurso formal de crimes de desacato, pois há pluralidade de vítimas.
❌ Errado. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, praticado o desacato em um mesmo contexto fático contra vários funcionários públicos, configura-se crime único, pois o bem jurídico — o prestígio da Administração Pública — é atingido uma única vez (AgRg no RHC 136.918/SP, STJ).
137
O crime de contrabando é classificado como próprio, por exigir qualidade especial do agente.
❌ Errado. O crime de contrabando é comum, não exigindo qualquer qualidade específica do sujeito ativo para sua configuração. Trata-se de crime doloso, de forma livre, instantâneo e plurissubsistente, admitindo a tentativa.
138
O crime de perturbação de processo licitatório é próprio, admite forma culposa, é permanente e exige qualidade específica do agente para sua configuração.
❌ A afirmativa está errada. O crime de perturbação de processo licitatório é comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, sem exigir qualidade específica do agente. É doloso, sem previsão de modalidade culposa. Trata-se de crime instantâneo, comissivo, unissubjetivo e de forma livre.
139
Comete o crime de corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete aquele que dá, oferece ou promete vantagem a esses sujeitos, ainda que não haja a finalidade de influenciar suas declarações ou manifestações técnicas.
❌ Errado. O crime de corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, previsto no artigo 343 do Código Penal, exige, além da conduta de dar, oferecer ou prometer vantagem, o elemento subjetivo especial do tipo: a finalidade de que o destinatário da vantagem faça afirmação falsa, negue ou cale a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
140
O crime de peculato-apropriação exige a posse direta do bem por parte do agente público, sendo irrelevante a posse mediata obtida em razão do cargo
❌ A afirmação está errada. A configuração do peculato-apropriação não exige necessariamente a posse direta do bem, sendo suficiente a posse mediata em razão do cargo público, desde que o agente se aproprie da coisa como se fosse seu proprietário. De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a "posse" deve ser compreendida em sentido amplo, abrangendo a disponibilidade jurídica do bem. No caso citado (STJ, REsp 1723969/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik), o repasse de verbas a um “funcionário fantasma” e posterior fruição dessas verbas pelo agente político configurou a apropriação indevida tipificada no art. 312, caput, do Código Penal.
141
O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucionais as normas que preveem a suspensão e a extinção da punibilidade nos casos de parcelamento e pagamento integral do débito tributário.
❌ A afirmativa está errada. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4273, declarou constitucionais os dispositivos que preveem a suspensão da pretensão punitiva estatal em razão do parcelamento (nos termos do artigo 83, § 2º, da Lei nº 9.430/1996) e a extinção da punibilidade em caso de quitação integral do débito tributário (conforme artigo 69 da Lei nº 11.941/2009 e artigo 9º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.684/2003). O Tribunal reconheceu que tais medidas despenalizadoras promovem os objetivos fundamentais da República, previstos no artigo 3º da Constituição Federal. Precedente: STF, ADI 4273, Rel. Min. Nunes Marques, Tribunal Pleno, julgado em 15/08/2023.
142
No crime de condescendência criminosa, exige-se que o agente seja funcionário público e que a omissão decorra de sentimento de indulgência, tratando-se de crime formal e omissivo puro, que não admite tentativa.
✅ Correto. O crime de condescendência criminosa é próprio, pois exige que o sujeito ativo seja funcionário público, e formal, pois independe de resultado naturalístico. Além disso, é omissivo puro, não admitindo a forma tentada, e exige o dolo, havendo corrente doutrinária que reconhece o sentimento de indulgência como elemento subjetivo especial.
143
O pagamento integral do débito previdenciário não interfere na esfera penal, mantendo-se hígida a punibilidade do agente mesmo após a quitação.
❌ A afirmativa está errada. De acordo com o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a quitação integral do débito referente ao crédito previdenciário extingue a punibilidade do agente, conforme previsto no artigo 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. Além disso, a adesão ao parcelamento suspende a ação penal e o curso do prazo prescricional até a revogação do parcelamento ou a extinção da punibilidade por pagamento integral. Precedentes: STJ, EDcl no AgRg no AREsp 320281/SE, DJe 16/09/2016
144
No crime de abandono de função, o parágrafo segundo do artigo 323 do Código Penal prevê causa de aumento de pena se o fato ocorrer em zona urbana densamente habitada.
"❌ Errado. O parágrafo segundo do artigo 323 do Código Penal prevê circunstância que qualifica o crime com pena de detenção de um a três anos e multa quando o abandono de função ocorrer em local situado na faixa de fronteira, e não em zona urbana densamente habitada. O desvalor da conduta decorre da potencialidade de dano à Administração Pública em regiões fronteiriças, onde há necessidade de fiscalização e controle reforçados."
145
O crime de falso testemunho consuma-se com o encerramento do depoimento, sendo competente para processá-lo o juízo do local onde foi prestado, ainda que se trate de carta precatória.
✅ Correto. O crime de falso testemunho é instantâneo e sua consumação ocorre com o encerramento do depoimento, momento em que a testemunha profere afirmação falsa, nega ou cala a verdade. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça estabelece que é competente o juízo do local em que o depoimento foi prestado, mesmo se realizado por carta precatória (STJ, CC 30.309/PR, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 11/3/2002).
146
O crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas configura-se quando o agente dá aplicação diversa das prevista em qualquer ato normativo, como decretos ou portarias
❌ A afirmação está errada. O crime previsto no artigo 315 do Código Penal exige que a irregularidade consista na aplicação das verbas ou rendas públicas em desacordo com o que está estabelecido em lei. Como o tipo penal menciona expressamente o termo “lei”, ficam excluídos atos normativos infralegais, como decretos, portarias ou instruções normativas.
147
A pena do crime de descaminho deve ser aplicada em dobro se a infração for praticada por meio de transporte rodoviário, dada a dificuldade de fiscalização.
❌ Errado. A aplicação em dobro da pena do crime de descaminho, conforme o parágrafo terceiro do artigo 334 do Código Penal, ocorre quando o crime é praticado por meio de transporte aéreo, marítimo ou fluvial, justamente pela maior dificuldade de fiscalização em relação ao transporte rodoviário.
148
A configuração do crime de corrupção ativa exige apenas o dolo genérico, sendo dispensável qualquer finalidade específica do agente quanto ao comportamento do funcionário público.
❌ Errado. Exige-se elemento subjetivo especial do tipo, consistente na finalidade específica de determinar o funcionário público a praticar, retardar ou omitir ato de ofício, o que caracteriza o dolo específico.
149
O crime de excesso de exação exige, para sua configuração, que o tributo cobrado seja indevido, não sendo punível a conduta do agente que emprega meio vexatório na cobrança de tributo regularmente devido
❌ A afirmação está errada. O parágrafo primeiro do artigo 316 do Código Penal prevê duas hipóteses típicas no excesso de exação: (i) a exigência de tributo ou contribuição social que o agente sabe ou deveria saber indevido
150
Comete o crime de corrupção ativa em transação comercial internacional quem promete, oferece ou dá vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, desde que não haja relação com ato de ofício.
❌ A afirmativa está errada. O crime de corrupção ativa em transação comercial internacional, previsto no artigo 337-B do Código Penal, configura-se quando alguém promete, oferece ou dá, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro ou a terceira pessoa, com o fim de determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional.
151
Para a configuração do crime de denunciação caluniosa, basta que a imputação falsa provoque a instauração de investigação, sendo irrelevante se o agente tinha ou não certeza da inocência da vítima.
❌ Errado. Para a configuração do crime de denunciação caluniosa é imprescindível que o agente tenha ciência de que a imputação é objetivamente falsa ou certeza de que a vítima é inocente. Esse entendimento é pacificado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido no AgRg no HC 501.188/RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 02/03/2020, e no RHC 106.998/MA, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/02/2019.
152
A resistência passiva caracteriza o crime de resistência, mesmo que não haja violência ou ameaça.
❌ Errado. O crime de resistência exige o emprego de violência ou ameaça contra funcionário público ou quem o auxilie na execução de ato legal, não se configurando nas hipóteses de resistência passiva, ou seja, sem o uso de força física ou coação moral.
153
O crime de contratação inidônea é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa que permita a participação de empresa declarada inidônea em processo licitatório.
❌ A afirmativa está errada. O crime de contratação inidônea, previsto no artigo 337-M do Código Penal, é crime próprio, pois somente pode ser praticado por funcionário público que detenha a competência para admitir participantes no processo licitatório. A simples admissão de pessoa física ou jurídica previamente declarada inidônea já compromete a probidade do certame e configura a infração penal.
154
Comete o crime de coação no curso do processo quem emprega violência ou grave ameaça contra qualquer pessoa chamada a intervir em processo judicial, policial, administrativo ou arbitral, com o fim de favorecer interesse próprio ou de terceiro.
✅ Correto. O artigo 344 do Código Penal tipifica como crime a conduta de usar de violência ou grave ameaça contra autoridade, parte ou qualquer pessoa que atue ou seja chamada a atuar em processo judicial, policial, administrativo ou em juízo arbitral, desde que com o objetivo de favorecer interesse próprio ou alheio.
155
Funcionário terceirizado que atua na emissão de passaportes na Polícia Federal pode ser equiparado a funcionário público para fins penais.
"✅ Certo. O parágrafo primeiro do artigo 327 do Código Penal equipara a funcionário público, para fins penais, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, bem como quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para execução de atividade típica da Administração Pública, como é o caso de funcionário terceirizado na Polícia Federal que atua na emissão de passaportes."
156
O crime de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prorrogado admite coautoria, pois não se trata de delito de mão própria.
"❌ Errado. Trata-se de crime próprio, que exige a qualidade de funcionário público do agente, e é de mão própria, não admitindo coautoria, mas apenas a participação. Além disso, é doloso, formal e plurissubsistente, admitindo a tentativa."
157
A pena do crime de corrupção ativa em transação comercial internacional será aumentada de um terço se, em razão da vantagem indevida ou promessa, o funcionário público estrangeiro praticar o ato de ofício em conformidade com o seu dever funcional.
❌ A afirmativa está errada. A pena do crime de corrupção ativa em transação comercial internacional será aumentada de um terço quando, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Essa consequência, que em regra seria considerada mero exaurimento, é elevada a causa de aumento de pena devido à gravidade da conduta.
158
O crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento configura-se quando o funcionário público, tendo a guarda de livro oficial ou documento em razão do cargo, extravia, sonega ou inutiliza total ou parcialmente esse bem
✅ A afirmação está correta. O artigo 314 do Código Penal prevê o crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento como tipo penal misto alternativo, praticado por funcionário público que, tendo a guarda de livro oficial ou qualquer documento em razão do cargo, o extravia (desencaminha), sonega (oculta) ou inutiliza (total ou parcialmente).
159
Comete o crime de descaminho aquele que ilude total ou parcialmente o pagamento de tributo devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria.
✅ Correto. O artigo 334 do Código Penal tipifica como crime a conduta de iludir, total ou parcialmente, o pagamento de direito ou imposto devido em razão da entrada, saída ou consumo de mercadoria, abrangendo inclusive a omissão de tributos devidos pela importação, exportação ou consumo.
160
Para a configuração do crime de falso testemunho ou falsa perícia, é necessário que a conduta seja potencialmente capaz de influenciar o convencimento do julgador ou a condução das investigações.
✅ Correto. Grande parte da doutrina reconhece a exigência de que a conduta praticada tenha potencialidade lesiva, ou seja, que seja apta a influenciar o convencimento do julgador no processo ou a afetar o curso das investigações durante o inquérito, o que reforça a gravidade do falso testemunho ou da falsa perícia.
161
O crime de favorecimento real pode ser praticado por qualquer pessoa, exige dolo e finalidade específica de tornar seguro o proveito do crime.
✅ Correto. O crime de favorecimento real é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É doloso, não sendo admitida forma culposa, e exige a presença de elemento subjetivo especial do tipo, consistente na finalidade específica de tornar seguro o proveito do crime.
162
No crime de violação de sigilo funcional, configura-se a infração tanto quando o agente revela quanto quando facilita a revelação de fato que tenha ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
"✅ Certo. O tipo penal do artigo 325 do Código Penal contempla duas condutas típicas: revelar ou facilitar a revelação de fato que o agente tenha ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, sendo ambas puníveis de igual forma."
163
O crime de resistência é próprio, exige resultado naturalístico para sua consumação e não admite a tentativa.
❌ Errado. O crime de resistência é comum, pois não exige qualidade especial do sujeito ativo
164
O crime de tráfico de influência em transação comercial internacional exige que o agente, para si ou para outrem, solicite, exija, cobre ou obtenha vantagem indevida, alegando ser capaz de influenciar ato de funcionário público estrangeiro vinculado a transação comercial internacional.
✅ A afirmativa está correta. O crime de tráfico de influência em transação comercial internacional, previsto no artigo 337-C do Código Penal, consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem, alegando capacidade de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício da função, relacionado à transação comercial internacional. Trata-se de uma forma especial do tráfico de influência, com foco na relação internacional.
165
No crime de prevaricação, haverá tipicidade penal se o agente, mesmo agindo dentro do espaço de discricionariedade legal, motiva-se por interesse ou sentimento pessoal na prática do ato de ofício?
❌ A assertiva está errada. Para que haja tipicidade no crime de prevaricação, o ato deve ser da competência do agente e não pode decorrer de opção discricionária legalmente prevista. Se o agente escolhe entre alternativas permitidas pela lei, ainda que motivado por interesse ou sentimento pessoal, não se configura o delito.
166
O agente que paga a si próprio diárias de forma indevida, mesmo sem possuir disponibilidade jurídica para alocar recursos, não pode responder por peculato
❌ A afirmação está errada. Ainda que não possua liberdade irrestrita para dispor do bem como lhe aprouver, o agente que possui disponibilidade jurídica para alocar recursos nos termos da lei, como é o caso do ordenador de despesas, poderá responder por peculato se pagar a si próprio diárias de forma indevida, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
167
A celebração de contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo configura forma qualificada do crime de contratação inidônea e absorve a admissão anterior à licitação, sendo crime próprio praticável apenas por funcionário público.
✅ A afirmativa está correta. O parágrafo primeiro do artigo 337-M do Código Penal prevê a forma qualificada do crime de contratação inidônea, configurada pela celebração de contrato com pessoa física ou jurídica previamente declarada inidônea. Essa conduta representa violação mais grave ao bem jurídico da probidade administrativa, absorvendo a admissão anterior à licitação. Trata-se de crime próprio, pois apenas o funcionário público que celebra o contrato em nome da Administração pode praticá-lo.
168
É admissível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de sonegação de contribuição previdenciária, desde que o valor do débito seja irrisório.
❌ A afirmativa está errada. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que é inadmissível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de sonegação de contribuição previdenciária, independentemente do valor do débito. Isso se deve à elevada reprovabilidade da conduta, que atenta contra bem jurídico de caráter supraindividual e compromete a subsistência da Previdência Social. Precedente: STJ, AgRg no REsp 1783334/PB, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 02/12/2019.
169
É atípica a conduta do funcionário público que, valendo-se de sua função, patrocina interesse legítimo de terceiro junto à Administração Pública
❌ Errado. Ainda que o interesse defendido por terceiro seja legítimo, configura-se o crime de advocacia administrativa se o funcionário público utilizar-se da sua qualidade funcional para promover esse interesse. O que se pune é a utilização da função pública para advogar pretensões alheias, independentemente da licitude da causa defendida.
170
No crime de apropriação indébita previdenciária, o pagamento integral do débito não é suficiente para extinguir a punibilidade do agente após o trânsito em julgado da condenação.
❌ A afirmativa está errada. O Supremo Tribunal Federal possui precedente no sentido de que, nos casos de apropriação indébita previdenciária, o pagamento integral do débito tributário, mesmo após o trânsito em julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade, nos termos do artigo 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. Precedente: STF, RHC 128245/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgamento em 23/08/2016.
171
Para a configuração do crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito, exige-se que a decisão desobedecida seja de natureza penal.
✅ Correto. O Supremo Tribunal Federal entende que o crime previsto no artigo 359 do Código Penal pressupõe a existência de decisão judicial de natureza penal. Caso a decisão seja de natureza civil, como proibição de atuar em nome de sociedade, não se configura o tipo penal em questão (STF, HC 88572/RS, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, julgamento em 08/08/2006).
172
É correto afirmar que, para configurar o crime de condescendência criminosa, a omissão do dever de apuração deve partir exclusivamente da autoridade hierarquicamente superior ao agente infrator?
❌ Errado. O crime de condescendência criminosa não exige hierarquia direta entre o agente omisso e o infrator. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, qualquer autoridade administrativa que tenha ciência da infração no serviço público tem o dever de apurar ou comunicar à autoridade competente, sob pena de incidir no delito (AgRg no AREsp 1548430/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 19/12/2019).
173
O crime de perturbação de processo licitatório exige, para sua configuração, que o agente seja funcionário público e que a licitação tenha sido efetivamente frustrada.
❌ A afirmativa está errada. O crime de perturbação de processo licitatório, previsto no artigo 337-I do Código Penal, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público, e não exige que a licitação tenha sido efetivamente frustrada. Trata-se de tipo penal de ação ampla e misto alternativo, sendo suficiente que o agente pratique qualquer conduta apta a impedir, perturbar ou fraudar a realização de ato referente ao processo licitatório.
174
Reingressar no território nacional após expulsão é crime, ainda que o estrangeiro não tenha ciência da expulsão ou que esta tenha sido revogada
Certo ou Errado?
175
O crime de favorecimento real admite interpretação extensiva para abranger também o proveito decorrente de contravenção penal.
❌ Errado. O crime de favorecimento real, previsto no artigo 349 do Código Penal, exige que o auxílio seja prestado para tornar seguro o proveito de crime, não se aplicando às contravenções penais. Estender o conceito de "crime" para abarcar contravenções configuraria analogia in malam partem, vedada no Direito Penal.
176
O crime de favorecimento real não admite punição autônoma, pois está absorvido pela infração penal principal da qual decorre o proveito.
❌ Errado. O Superior Tribunal de Justiça reconhece que o crime de favorecimento real possui natureza acessória, mas admite punição autônoma, mesmo quando os atos se destinam a garantir ou viabilizar o proveito do resultado de outra infração penal. Trata-se de delito que, embora vinculado ao crime antecedente, conserva autonomia típica e sancionatória (STJ, APn 458/SP, Rel. p/ acórdão Min. Gilson Dipp, DJe 18/12/2009).
177
O peculato culposo se configura quando o funcionário público, com dolo eventual, permite que terceiro se aproprie de bem pertencente à Administração Pública
❌ A afirmação está errada. O peculato culposo, previsto no parágrafo segundo do artigo 312 do Código Penal, exige que o funcionário público concorra culposamente, ou seja, por imprudência, negligência ou imperícia, para que terceiro se aproprie, desvie ou subtraia dinheiro, valor ou bem móvel pertencente à Administração Pública ou sob sua custódia.
178
No peculato culposo, a reparação do dano após o trânsito em julgado da sentença extingue a punibilidade do agente
❌ A afirmação está errada. Nos termos do parágrafo terceiro do artigo 312 do Código Penal, no crime de peculato culposo, a extinção da punibilidade somente ocorre se a reparação do dano for realizada antes da sentença irrecorrível. Caso a reparação ocorra após o trânsito em julgado, ela não extingue a punibilidade, mas apenas reduz a pena imposta pela metade.
179
A modalidade qualificada da violação de sigilo funcional configura crime material, exigindo a ocorrência de dano à Administração Pública ou a outrem para sua consumação.
"✅ Correto. Nos termos do parágrafo segundo do artigo 325 do Código Penal, a forma qualificada da violação de sigilo funcional é crime material, pois depende da ocorrência de resultado naturalístico — o dano à Administração Pública ou a outrem — para que se configure, sendo punida com reclusão de 2 a 6 anos, além de multa."
180
A pena de 2 a 12 anos de reclusão prevista atualmente para o crime de concussão, introduzida pela Lei nº 13.964/2019, pode ser aplicada a fatos ocorridos antes de sua vigência.
❌ A afirmação está errada. A nova redação do caput do artigo 316 do Código Penal, dada pela Lei nº 13.964/2019, aumentou a pena máxima do crime de concussão de 8 para 12 anos de reclusão, constituindo alteração mais gravosa. Por isso, só se aplica a crimes cometidos após sua entrada em vigor, conforme o princípio da irretroatividade da norma penal mais severa.
181
O crime de autoacusação falsa é comum, formal e instantâneo, consumando-se com a comunicação feita à autoridade, ainda que nenhuma providência seja adotada.
✅ Correto. Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É formal, não exigindo resultado naturalístico, ou seja, a prática de ato pela autoridade para sua consumação. É também instantâneo, consumando-se em momento determinado, com a simples comunicação da falsa autoria do crime.
182
O crime de frustração do caráter competitivo de licitação é do tipo misto cumulativo, e a prática de mais de uma das condutas previstas, no mesmo procedimento licitatório, configura concurso de crimes.
❌ A afirmativa está errada. O crime de frustração do caráter competitivo de licitação é um tipo penal misto alternativo ou de conteúdo variado, o que significa que a realização de mais de uma das condutas descritas no tipo penal (como frustrar e fraudar) no mesmo procedimento licitatório configura apenas um único crime, e não concurso de crimes.
183
É atípica a conduta de agente público que realiza pagamento antecipado e integral de aditivo contratual celebrado irregularmente, antes da execução das obras públicas, por ausência de desvio de finalidade
❌ A afirmação está errada. O Supremo Tribunal Federal reconheceu, ainda que em análise sumária, a possibilidade de capitulação da conduta como peculato-desvio, nos termos do artigo 312, caput, segunda parte, do Código Penal. Trata-se do pagamento antecipado, ilegal, da totalidade do valor de aditivo contratual celebrado de forma irregular, efetuado antes da realização das obras públicas previstas, o que permite o juízo inicial de tipicidade penal e autoriza o recebimento da denúncia (STF, Inquérito 3621/MA, Rel. p/ acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 28/03/2017).
184
A configuração do crime de inserção de dados falsos em sistema de informações depende apenas da conduta de manipular indevidamente os dados, sendo irrelevante a finalidade de obter vantagem indevida ou causar dano
❌ A afirmação está errada. O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, também denominado peculato-eletrônico, exige que o funcionário público autorizado insira, facilite a inserção, altere ou exclua indevidamente dados em sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública. Contudo, além da conduta típica, é indispensável que o agente atue com o propósito específico de obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou de causar dano.
185
O crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas consuma-se com a simples escrituração contábil equivocada, ainda que não ocorra aplicação efetiva dos recursos de forma ilegal
❌ A afirmação está errada. Embora o crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas seja doloso e classificado como formal, segundo Cezar Bitencourt ele não se consuma com a mera escrituração contábil irregular. É necessária a efetiva aplicação das verbas ou rendas públicas de maneira ilegal, ou seja, em desconformidade com o que determina a lei.
186
Comete o crime de corrupção ativa de testemunha quem oferece vantagem à mãe e representante legal da vítima menor de idade, para que ela preste falso depoimento.
❌ Errado. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, a mãe e representante legal da vítima menor de idade não pode ser considerada testemunha para fins do artigo 343 do Código Penal. Assim, o oferecimento de vantagem a ela não configura o crime de corrupção ativa de testemunha, pois ela não possui legitimidade ativa para o crime de falso testemunho (STJ, REsp 1.549.417/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe 08/09/2016).
187
O peculato mediante erro de outrem é crime comum, de mera conduta e instantâneo, bastando a simples recepção do bem por erro de terceiro para sua consumação
❌ A afirmação está errada. O peculato mediante erro de outrem é crime próprio, pois exige a qualidade de funcionário público, conforme o artigo 327 do Código Penal. Trata-se de crime material, pois exige a efetiva inversão da posse com a apropriação do dinheiro ou utilidade recebida por erro. É um delito de forma livre e plurissubsistente, o que permite a tentativa.
188
A alteração promovida pela Lei nº 14.110/2020 no tipo penal da denunciação caluniosa ampliou seu alcance ao substituir “investigação policial” por “inquérito policial” e “procedimento investigatório criminal”, e “investigação administrativa” por “processo administrativo disciplinar”, sem abolir a figura criminosa.
✅ Correto. A Lei nº 14.110, de 18 de dezembro de 2020, modificou o caput do artigo 339 do Código Penal, ampliando o âmbito de incriminação da denunciação caluniosa. A nova redação substituiu “investigação policial” por termos mais específicos — “inquérito policial” e “procedimento investigatório criminal” — e “investigação administrativa” por “processo administrativo disciplinar”. Trata-se de novatio legis in pejus (lex gravior), sem ocorrência de abolitio criminis.
189
No peculato mediante erro de outrem, o agente recebe o bem licitamente e, após isso, se apropria indevidamente dele, motivo pelo qual exige-se posse prévia lícita
❌ A afirmação está errada. No peculato mediante erro de outrem, previsto no artigo 313 do Código Penal, o agente público não recebe o bem com posse ou detenção lícita, mas sim em razão de erro de outra pessoa, que entrega o bem por incorreta percepção da realidade. A apropriação posterior desse bem pelo agente configura a conduta típica, como no exemplo do policial que se apropria de valor entregue equivocadamente por um cidadão simples, acreditando estar pagando fiança.
190
O crime de fraude em licitação ou contrato administrativo configura-se mesmo sem prejuízo para a Administração Pública, bastando a simples intenção de fraudar.
❌ A afirmativa está errada. O crime de fraude em licitação ou contrato administrativo, previsto no artigo 337-L do Código Penal, exige que a fraude cause prejuízo à Administração Pública, à licitação ou ao contrato dela decorrente. Trata-se de tipo penal de forma vinculada, cuja configuração depende da prática de uma das condutas expressamente previstas, como fornecimento de mercadoria falsificada, alteração de qualidade ou quantidade, ou qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa a proposta ou execução contratual.
191
O crime de concussão exige apenas a solicitação de vantagem indevida pelo agente público, sem necessidade de coação moral sobre a vítima
❌ A afirmação está errada. O crime de concussão, previsto no artigo 316 do Código Penal, exige que o agente público imponha, ordene ou obrigue o sujeito passivo a oferecer vantagem indevida, ou seja, exige-se uma violência moral — coação — para a configuração do delito. A mera solicitação, sem coação, caracteriza o crime de corrupção passiva, não concussão.
192
Há consenso na doutrina de que o crime de exercício arbitrário das próprias razões é formal, consumando-se independentemente da satisfação da pretensão do agente.
❌ Errado. Não há consenso na doutrina sobre a natureza do crime de exercício arbitrário das próprias razões. Parte entende que o crime é material, exigindo a satisfação da pretensão para sua consumação — como defende Nelson Hungria. Outra parte sustenta tratar-se de crime formal, que se consuma independentemente do resultado naturalístico.
193
No crime de concussão, a vantagem exigida pelo agente deve ser indevida, sendo possível sua configuração mesmo que não tenha natureza econômica ou patrimonial, pois a lei não impõe essa limitação expressamente
✅ A afirmação está correta. A vantagem exigida no crime de concussão deve ser indevida, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico. Embora exista divergência doutrinária quanto à necessidade de natureza patrimonial, a maioria admite que a vantagem não precisa ser necessariamente econômica, pois o tipo penal não faz essa restrição expressa, entendimento que também encontra respaldo jurisprudencial.
194
O crime de falso testemunho cometido em processo trabalhista deve ser julgado pela Justiça do Trabalho, por se tratar de matéria afeta à sua competência.
❌ Errado. De acordo com a Súmula 165 do Superior Tribunal de Justiça, compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de falso testemunho praticado em processo trabalhista. Ainda que o processo de origem seja da competência da Justiça do Trabalho, a infração penal é de competência da Justiça Federal.
195
A pena do crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações será aumentada de um terço até o dobro, desde que haja qualquer dano à Administração Pública ou ao administrado
❌ A afirmação está errada. O parágrafo único do artigo 313-B do Código Penal prevê aumento de pena — de um terço até a metade — apenas se da modificação ou alteração não autorizada resultar efetivo dano para a Administração Pública ou para o administrado.
196
O crime de autoacusação falsa é doloso, plurissubsistente e admite tentativa, havendo entendimento doutrinário no sentido de que exige finalidade específica de provocar a ação inútil da autoridade.
✅ Correto. O crime de autoacusação falsa exige dolo e, segundo parte da doutrina, há necessidade de elemento subjetivo especial do tipo, caracterizado pelo intuito de provocar a ação inútil da autoridade. Além disso, por ser a conduta fracionável, trata-se de crime plurissubsistente, admitindo tentativa.
197
A prevaricação imprópria admite tentativa e se consuma apenas com o efetivo uso do aparelho telefônico pelo preso.
❌ Errado. O crime previsto no artigo 319-A do Código Penal é omissivo puro, razão pela qual não admite tentativa. Além disso, é formal, consumando-se com a simples omissão do agente, independentemente de o preso efetivamente utilizar o aparelho para se comunicar.
198
O crime de desobediência é formal, doloso e admite tentativa, sendo classificado como comum, por não exigir qualidade específica do sujeito ativo.
✅ Certo. O crime de desobediência é comum, pois não exige condição especial do agente
199
O crime de falso testemunho exige a instauração de inquérito policial como condição para sua persecução penal, já que somente se aperfeiçoa com apuração formal do fato.
❌ Errado. O crime de falso testemunho é de natureza formal e se consuma no momento em que o depoente profere a afirmação falsa sobre fato juridicamente relevante, sendo aperfeiçoado com o encerramento do depoimento. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é dispensável a instauração de inquérito policial ou outro procedimento investigativo para viabilizar a persecução penal (STJ, RHC 82.027/SC, Rel. Min. Félix Fischer, DJe 09/05/2018).
200
O crime de abandono de função é classificado como crime próprio e de mão própria, permitindo coautoria e participação.
❌ Errado. O crime de abandono de função é um crime próprio, pois exige que o agente seja funcionário público ocupante de cargo público. Além disso, é um crime de mão própria, significando que só pode ser praticado pessoalmente pelo agente designado no tipo penal, não admitindo coautoria, apenas participação.
201
O princípio da insignificância, em regra, é aplicável ao crime de contrabando de cigarros, desde que o valor da mercadoria seja reduzido.
❌ Errado. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado de que o princípio da insignificância não se aplica, em regra, ao crime de contrabando de cigarros, independentemente do valor envolvido, pois a conduta atinge bens jurídicos como a saúde, a segurança e a moralidade públicas (AgRg no HC 555086/SP, STJ). Excepcionalmente, o STJ passou a admitir a bagatela em caso de contrabando de cigarros: “Acolhida a seguinte tese: O princípio da insignificância é aplicável ao crime de contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não ultrapassar 1.000 (mil) maços, seja pela diminuta reprovabilidade da conduta, seja pela necessidade de se dar efetividade à repressão ao contrabando de vulto, excetuada a hipótese de reiteração da conduta, circunstância apta a indicar maior reprovabilidade e periculosidade social da ação.
202
Admite-se a tentativa do crime de desacato quando a conduta ofensiva for verbal, já que o crime é plurissubsistente em qualquer forma de execução.
❌ Errado. Embora o crime de desacato seja considerado plurissubsistente segundo a doutrina majoritária, a tentativa só é admitida em formas fracionáveis de execução, como no exemplo de agressão física, não sendo possível a tentativa quando a ofensa for verbal, por se tratar de conduta unissubsistente.
203
A pena do crime de tráfico de influência em transação comercial internacional é aumentada da metade quando o agente, ao solicitar vantagem, afirma ou insinua que ela também se destina a funcionário público estrangeiro.
✅ A afirmativa está correta. De acordo com o parágrafo único do artigo 337-C do Código Penal, a pena é aumentada da metade quando o agente alega ou insinua que a vantagem solicitada, exigida, cobrada ou obtida também se destina a funcionário público estrangeiro. Essa causa de aumento de pena justifica-se pelo desprestígio à função pública estrangeira, com violação à honra objetiva do servidor.
204
Para a configuração do crime de sonegação de contribuição previdenciária, exige-se a presença de dolo específico, consistente na vontade direcionada a fraudar o fisco.
❌ A afirmativa está errada. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que o crime de sonegação de contribuição previdenciária exige apenas o dolo genérico, caracterizado pela omissão voluntária no recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos, sendo desnecessária a demonstração de dolo específico. Precedente: STJ, AgRg no AREsp 493.584/SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 2/6/2016, DJe 8/6/2016.
205
O crime de corrupção ativa é classificado como instantâneo, comum, formal e plurissubsistente, admitindo tentativa e exigindo dolo para sua configuração.
✅ Certo. O crime de corrupção ativa não exige qualidade específica do sujeito ativo (é comum), exige dolo, não admite forma culposa, independe de resultado naturalístico para consumação (é formal), consuma-se em momento determinado (é instantâneo) e admite tentativa por ser plurissubsistente.
206
É ilegal o aumento da pena-base no crime de peculato quando o agente é delegado de polícia, pois isso implicaria violação ao princípio do ne bis in idem, já que a condição de funcionário público já integra o tipo penal
❌ A afirmação está errada. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que não configura bis in idem o agravamento da pena-base no crime de peculato quando o agente, como delegado de polícia responsável pela coordenação das atividades de polícia judiciária, age de forma oposta ao que se espera de sua função. A majoração não se fundamentou na elementar do tipo penal (ser funcionário público), mas sim na natureza específica do cargo e na especial reprovabilidade da conduta, como no caso em que o agente se apropriou de arma apreendida, registrando-a em seu nome.
207
O crime de contratação direta ilegal exige que a contratação seja feita sem licitação, mesmo que esteja amparada por hipótese legal expressa de dispensa ou inexigibilidade.
❌ A afirmativa está errada. O crime de contratação direta ilegal, previsto no artigo 337-E do Código Penal, configura-se apenas quando o agente admite, possibilita ou dá causa à contratação direta fora das hipóteses previstas em lei, ou seja, de forma ilegal. Trata-se de norma penal em branco imprópria heterovitelina, cujo complemento é fornecido por outras leis, como a Lei nº 14.133/2021.
208
O crime de advocacia administrativa não se configura quando o funcionário público atua para defender interesse próprio, de forma legítima, ainda que se identifique como servidor público no procedimento
✅ Correto. Não se pune o funcionário público que defenda legitimamente seu próprio interesse, como, por exemplo, ao requerer férias perante o setor de pessoal. A doutrina exige, para configuração do crime previsto no artigo 321 do Código Penal, que haja patrocínio de interesse alheio, utilizando-se o agente da função pública para favorecer terceiro.
209
O servidor que se aproveita da facilidade de acesso às dependências do fórum, decorrente de sua função pública, para subtrair bem apreendido em depósito judicial, comete o crime de peculato-furto, mesmo sem ter a posse do bem
✅ A afirmação está correta. Trata-se de hipótese de peculato-furto, previsto no parágrafo primeiro do artigo 312 do Código Penal. O servidor não detinha a posse do bem, mas se valeu da facilidade proporcionada pela sua qualidade de funcionário público para subtrair objeto do depósito judicial. Essa vantagem funcional, e não a posse, é o que caracteriza essa forma de peculato.
210
O crime de contrabando permanece previsto no mesmo artigo do Código Penal que trata do descaminho.
❌ Errado. O crime de contrabando passou a ser regulado de forma separada pela Lei nº 13.008/2014, que inseriu o artigo 334-A no Código Penal, distinguindo-o do crime de descaminho. Sua conduta típica consiste em importar ou exportar mercadoria proibida.
211
O particular que oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público, visando influenciar ato de ofício, não responde por corrupção passiva em coautoria, mas sim pelo crime autônomo de corrupção ativa
✅ A afirmação está correta. De forma excepcional à teoria monista, o Código Penal prevê que o particular que oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público responderá pelo crime de corrupção ativa (art. 333), enquanto o funcionário, se aceitar, responde por corrupção passiva (art. 317), não se configurando concurso de agentes.
212
Para a configuração do crime de peculato-desvio, exige-se que o funcionário público desvie bem móvel de que tenha posse em razão do cargo, sendo indispensável a intenção de se apropriar definitivamente da coisa
❌ A afirmação está errada. O crime de peculato-desvio, previsto na segunda parte do caput do artigo 312 do Código Penal, configura-se quando o funcionário público, tendo a posse de dinheiro, valor ou outro bem móvel em razão do cargo, dá a ele destinação diversa, em proveito próprio ou alheio. Não se exige o animus rem sibi habendi, sendo suficiente o uso irregular com finalidade de benefício próprio ou de terceiro, conforme ensina Cezar Bittencourt.
213
Configura o crime de prevaricação imprópria a conduta do agente público que deixa de impedir, por ação ou omissão, que preso tenha acesso a aparelho que permita comunicação externa?
✅ Correto. O crime previsto no artigo 319-A do Código Penal, conhecido como prevaricação imprópria, se consuma quando o Diretor de Penitenciária ou outro agente público deixa de cumprir o dever de impedir que o preso tenha acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, por conduta comissiva ou omissiva, permitindo comunicação com o ambiente externo ou com outros presos.
214
O crime de sonegação de contribuição previdenciária é de forma livre e sua descrição típica dispensa complementação normativa.
❌ A afirmativa está errada. Trata-se de delito de forma vinculada, pois o tipo penal especifica as condutas pelas quais suprimir ou reduzir contribuição previdenciária ou seus acessórios se torna típico. Além disso, o caput do artigo 337-A do Código Penal configura norma penal em branco, necessitando de complementação pela legislação previdenciária.
215
No crime de advocacia administrativa, só se configura a infração penal se o interesse privado patrocinado pelo funcionário público for ilegítimo ou contrário à lei
❌ Errado. Para a configuração do crime de advocacia administrativa, previsto no artigo 321 do Código Penal, não é necessário que o interesse defendido seja ilegítimo ou ilícito. Ainda que o interesse privado seja legítimo e juridicamente amparado, o delito se caracteriza pelo simples fato de o agente valer-se do cargo público para promover esse interesse.
216
Configura o crime de exploração de prestígio a conduta de solicitar ou receber vantagem indevida com o pretexto de influenciar juiz, jurado, membro do Ministério Público ou qualquer pessoa vinculada à função jurisdicional.
✅ Correto. O crime de exploração de prestígio, previsto no artigo 357 do Código Penal, consiste em solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade com o pretexto de influir sobre juiz, jurado, membro do Ministério Público, funcionário da Justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. A conduta incriminada envolve a exploração de influência alegadamente exercida sobre esses agentes.
217
A consumação do crime de peculato-apropriação exige apenas a vontade interna do agente de se tornar possuidor como dono do bem, sem necessidade de demonstração externa dessa intenção
❌ A afirmação está errada. A consumação do delito de peculato-apropriação ocorre com a inversão do título da posse, quando o agente deixa de possuir o bem em nome alheio, em razão do cargo (alieno domine), e passa a possuí-lo como se dono fosse (causa dominii). Esse elemento subjetivo deve ser demonstrado por um ato exterior, que vá além da simples vontade interna do agente.
218
A pena do crime de denunciação caluniosa é diminuída pela metade quando a imputação recai sobre a prática de contravenção penal, considerada pelo legislador como infração de menor gravidade.
✅ Correto. O parágrafo segundo do artigo 339 do Código Penal prevê uma causa de diminuição de pena pela metade quando a falsa imputação recair sobre contravenção penal. A contravenção é uma infração penal definida pelo legislador como de menor gravidade, em contraposição aos crimes, sendo essa distinção fruto de juízo axiológico, e não de diferença ontológica.
219
O crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações exige que o agente seja um funcionário público autorizado a operar os sistemas da Administração Pública.
❌ A afirmação está errada. Ao contrário do crime do artigo 313-A do Código Penal, que exige que o funcionário público seja autorizado a acessar os sistemas, o crime do artigo 313-B — modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações — não exige essa condição. Basta que o agente seja funcionário público e realize a conduta sem autorização ou solicitação de autoridade competente, sendo desnecessária autorização prévia para uso do sistema.
220
A pena do crime de tráfico de influência será aumentada da metade se o agente insinuar que a vantagem é destinada apenas a si próprio, sem envolver o funcionário público.
❌ Errado. A majorante aplica-se quando o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário público, pois isso compromete a sua probidade e agrava o desvalor da conduta, justificando o aumento da pena pela metade.
221
É prescindível, para a configuração do crime de corrupção ativa, a indicação do ato de ofício cuja prática se pretendeu influenciar por meio da promessa ou oferta de vantagem indevida.
❌ Errado. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento da Ação Penal 470 (Caso do Mensalão), é necessária a menção ao ato de ofício cuja prática, retardamento ou omissão se buscava influenciar com o pagamento de propina, configurando-se elemento essencial à caracterização do crime de corrupção ativa.
222
Por se tratar de crime formal e próprio, o excesso de exação não admite tentativa, ainda que a exigência seja feita por escrito ou com emprego de meio vexatório
❌ A afirmação está errada. O crime de excesso de exação admite tentativa, especialmente quando a exigência for feita por escrito, pois a conduta é plurissubsistente. Da mesma forma, a tentativa também é punível na hipótese de cobrança com emprego de meio vexatório ou gravoso, a depender da forma de execução adotada pelo agente.
223
Para a configuração do crime de tráfico de influência em transação comercial internacional, exige-se que o agente tenha, de fato, influência sobre o funcionário público estrangeiro e consiga interferir em sua atuação.
❌ A afirmativa está errada. Para a configuração do crime de tráfico de influência em transação comercial internacional, não é necessário que o agente possua efetivamente a influência ou que consiga alterar a conduta do funcionário público estrangeiro. Basta que ele utilize esse pretexto para solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem. O bem jurídico tutelado é a regularidade e a probidade das relações comerciais internacionais das quais o Brasil participe.
224
A usurpação de função pública é crime próprio, pois exige que apenas pessoas sem vínculo com a Administração possam praticá-lo.
❌ Errado. O crime de usurpação de função pública é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público que exerça função diversa da sua. Trata-se de crime doloso, formal e plurissubsistente, admitindo tentativa.
225
O desvio de bens públicos por Prefeito Municipal, ainda que de pequeno valor, não admite a aplicação do princípio da insignificância, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça
✅ A afirmação está correta. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não se pode considerar insignificante o desvio de bens públicos praticado por Prefeito Municipal, dada a obrigatoriedade de observância aos princípios legais e constitucionais, especialmente o da moralidade pública. A realização de despesas com doações a pessoas físicas sem autorização legal específica contraria o artigo 26 da Lei Complementar nº 101/2000 e configura, em tese, crime de responsabilidade (STJ, REsp 677159/PE, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 21/03/2005).
226
O crime de favorecimento real se configura mesmo que a conduta do agente também se amolde ao tipo penal da receptação, já que ambos visam à proteção do proveito do crime.
❌ Errado. O crime de favorecimento real é subsidiário em relação ao crime de receptação. Isso significa que ele só se configura quando a conduta do agente, ao tentar assegurar o proveito do crime, não se enquadrar em nenhuma das modalidades do tipo penal de receptação.
227
A pena do crime de descaminho será aplicada em dobro quando praticado por transporte aéreo, ainda que se trate de voo regular, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
✅ Certo. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o parágrafo 3º do artigo 334 do Código Penal prevê a aplicação da pena em dobro nos casos de contrabando ou descaminho praticados por transporte aéreo, independentemente de o voo ser clandestino ou regular (STJ, AgRg no REsp 1850255/SP, DJe 04/06/2020).
228
O crime de falso testemunho ou falsa perícia somente se configura se praticado em processo judicial, não se aplicando a procedimentos administrativos, inquéritos policiais ou juízos arbitrais.
❌ Errado. A falsidade punida pelo crime de falso testemunho ou falsa perícia pode ocorrer não apenas em processo judicial, mas também em processo administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral. Todos esses contextos são abrangidos pelo tipo penal, desde que haja a prática das condutas tipificadas por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete.
229
A falsidade documental usada exclusivamente para facilitar o descaminho é absorvida por este, mesmo que a pena cominada ao descaminho seja menor.
✅ Correto. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, quando o falso se exaure no descaminho, sem autonomia lesiva adicional, ele é absorvido como crime-meio, prevalecendo o descaminho como crime-fim, ainda que a ele seja cominada pena inferior (STJ, REsp 1.378.053-PR, julgado em 10/08/2016).
230
O crime de fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança é comum, doloso, material, instantâneo e plurissubsistente, admitindo tentativa.
✅ Correto. Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. É doloso, sem previsão de forma culposa nem exigência de elemento subjetivo especial do injusto. É crime material, consumando-se com a efetiva fuga do preso ou internado. É instantâneo, pois se consuma em momento determinado, e plurissubsistente, admitindo tentativa por ser fracionável.
231
O crime de tráfico de influência exige, para sua configuração, que o agente efetivamente possua influência sobre o funcionário público e que consiga alterar o ato administrativo.
❌ Errado. O crime de tráfico de influência não exige que o agente possua real influência nem que consiga modificar a atuação do funcionário público. Basta que, sob esse pretexto, solicite, exija, cobre ou obtenha vantagem ou promessa de vantagem (art. 332 do Código Penal).
232
No crime de facilitação de contrabando ou descaminho, exige-se a efetiva consumação do contrabando ou descaminho pelo particular para a responsabilização penal do funcionário público
❌ A assertiva está incorreta. Trata-se de crime formal, bastando a facilitação por parte do funcionário público, sem necessidade de que o contrabando ou descaminho se consume. Além disso, admite-se a tentativa, desde que a conduta do agente seja comissiva.
233
O crime de patrocínio de contratação indevida pode ser praticado por qualquer pessoa que atue como advogado em defesa de interesse privado durante procedimento licitatório.
❌ A afirmativa está errada. O crime de patrocínio de contratação indevida, previsto no artigo 337-G do Código Penal, é uma modalidade especial de advocacia administrativa e possui como sujeito ativo apenas o funcionário público. Trata-se de crime funcional próprio, cuja conduta consiste em patrocinar interesse privado perante a Administração Pública em processos de licitação ou contratos administrativos, não se referindo à atuação de advogado, mas sim ao uso indevido da posição funcional.
234
A pena do crime de denunciação caluniosa é aumentada de sexta parte quando o agente se utiliza de anonimato ou nome falso para dificultar a apuração da falsidade e da autoria do fato.
✅ Correto. O parágrafo primeiro do artigo 339 do Código Penal prevê uma causa de aumento de pena de sexta parte quando o agente se vale de anonimato ou de nome suposto. Isso demonstra maior desvalor da conduta, pois dificulta a averiguação da falsidade da imputação e a identificação da autoria da denunciação caluniosa, prejudicando a atuação da Administração Pública.
235
O crime de exploração de prestígio distingue-se do tráfico de influência por ser direcionado exclusivamente à alegada influência sobre agentes do sistema de Justiça, como magistrados, promotores, peritos e testemunhas.
✅ Correto. A exploração de prestígio configura uma forma específica de venditio fumi, direcionada à suposta influência sobre pessoas que atuam no sistema de Justiça. Trata-se de norma penal especial em relação ao tráfico de influência (art. 332 do Código Penal), que possui conteúdo mais genérico. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhece a exploração de prestígio como subespécie do tráfico de influência (STJ, PExt no RHC 55940/SP, DJe 04/02/2019.
236
O crime de coação no curso do processo é comum, doloso, formal, instantâneo, plurissubsistente e admite tentativa.
✅ Correto. Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É doloso, com exigência de elemento subjetivo especial consistente no intuito de favorecer interesse próprio ou de terceiro. É formal, pois se consuma sem necessidade de resultado naturalístico. Como é instantâneo, consuma-se em momento determinado, e por ser plurissubsistente, admite tentativa.
237
O crime de violação de sigilo funcional é formal, instantâneo e plurissubsistente na forma escrita, admitindo tentativa.
"✅ Correto. Trata-se de crime formal, cuja consumação independe de resultado naturalístico. É instantâneo, consumando-se em um único momento, e plurissubsistente na forma escrita, admitindo tentativa nessa modalidade."
238
A prática reiterada do crime de descaminho não impede o reconhecimento do princípio da insignificância, desde que o valor do tributo iludido esteja abaixo do limite jurisprudencial.
❌ Errado. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a reiteração delitiva no crime de descaminho afasta a aplicação do princípio da insignificância, ainda que o valor apurado esteja dentro dos limites fixados pela jurisprudência para fins de reconhecimento da atipicidade (HC 133958 AgR/PR, Rel. Min. Luiz Fux, 06/09/2016).
239
No peculato mediante erro de outrem, a conduta típica consiste em induzir alguém ao erro para obter vantagem indevida em razão do cargo público
❌ A afirmação está errada. O peculato mediante erro de outrem, também chamado de peculato-estelionato, está previsto no artigo 313 do Código Penal e se configura quando o funcionário público se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade recebida no exercício do cargo, por erro de outra pessoa. A conduta típica é apropriar-se, ou seja, apoderar-se de bens entregues por engano, não sendo exigido que o agente induza a vítima ao erro.
240
No crime de condescendência criminosa, é irrelevante o motivo da omissão do agente, bastando que ele deixe de responsabilizar o subordinado infrator.
❌ Errado. Para a configuração do crime de condescendência criminosa, é indispensável que a omissão decorra de indulgência, ou seja, de sentimento pessoal de piedade, clemência ou misericórdia. Caso a motivação seja outra, como vantagem indevida, poderá configurar outro crime, como a corrupção passiva.
241
A pena será aumentada de um terço se o agente do crime contra a Administração Pública ocupar cargo em comissão, função de direção ou de assessoramento em órgão da Administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo Poder Público.
✅ Certo. O parágrafo segundo do artigo 327 do Código Penal prevê causa de aumento de pena de um terço para os crimes praticados por funcionário público contra a Administração Pública em Geral, quando o agente ocupar cargo em comissão, função de direção ou de assessoramento em órgão da Administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo Poder Público.
242
O crime de excesso de exação é próprio, exige dolo e só pode ser praticado por funcionário público, havendo divergência doutrinária sobre a existência de elemento subjetivo especial do injusto
✅ A afirmação está correta. Trata-se de crime próprio, pois somente o funcionário público pode praticá-lo. É doloso, e há divergência doutrinária quanto à necessidade de dolo específico: para Cezar Bitencourt, há elemento subjetivo especial do injusto, consistente na expressão “para si ou para outrem”
243
A subtração ou inutilização, total ou parcial, de livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público, configura crime previsto no Código Penal.
✅ A afirmativa está correta. O artigo 337 do Código Penal tipifica como crime a conduta de subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento que esteja sob a guarda de funcionário público, em razão de ofício, ou de particular no exercício de função pública. "Subtrair" significa apoderar-se ou pegar algo de outrem, enquanto "inutilizar" é tornar o objeto imprestável ou danificado para o fim a que se destina.
244
O juiz pode deixar de aplicar o tipo penal de reingresso de estrangeiro expulso se considerar injusta a decisão administrativa de expulsão do estrangeiro.
❌ Errado. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que não cabe ao magistrado avaliar a justiça da decisão de expulsão para fins de tipificação do crime de reingresso de estrangeiro expulso, previsto no artigo 338 do Código Penal. A análise judicial limita-se à existência formal da expulsão, conforme decidido no HC 290.849/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 02/06/2014.
245
No crime de facilitação de contrabando ou descaminho, mesmo que haja concurso entre funcionário público e particular, ambos respondem pelo mesmo tipo penal, nos termos da teoria monista
❌ A assertiva está incorreta. Nesse caso, aplica-se exceção à teoria monista, pois o particular responde pelo crime de contrabando (art. 334-A do Código Penal) ou descaminho (art. 334 do Código Penal), enquanto o funcionário público responde pelo delito autônomo de facilitação, previsto no artigo 318 do Código Penal.
246
Para a configuração do crime de descaminho, é indispensável a existência de fraude ou malícia por parte do agente.
❌ Errado. Há divergência sobre o tema, mas a jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, admite que o simples não pagamento dos tributos já é suficiente para a subsunção da conduta ao tipo penal previsto no artigo 334 do Código Penal, independentemente de fraude ou malícia.
247
O crime de abandono de função pública só se configura quando o agente ocupa cargo público e o abandona de forma ilegal
✅ Correto. O artigo 323 do Código Penal tipifica a conduta de abandonar cargo público, e a doutrina esclarece que o crime somente se configura se o agente ocupa efetivamente um cargo público e o abandona de maneira não autorizada legalmente, ou seja, de forma ilícita.
248
A forma qualificada do crime de advocacia administrativa se configura apenas quando o interesse defendido pelo funcionário for legítimo
❌ Errado. A forma qualificada do crime de advocacia administrativa, prevista no parágrafo único do artigo 321 do Código Penal, exige que o interesse seja ilegítimo, ou seja, ilícito, contrário ao ordenamento jurídico, para que incida a pena mais gravosa.
249
Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de descaminho mesmo quando o valor do tributo elidido for superior a R$ 20.000,00.
❌ Errado. Segundo a tese firmada pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1709029/MG, o princípio da insignificância aplica-se aos crimes de descaminho e tributários federais somente quando o débito tributário não ultrapassar o valor de R$ 20.000,00, conforme o art. 20 da Lei nº 10.522/2002 e as Portarias nº 75 e 130 do Ministério da Fazenda.