Punibilidade Flashcards
(54 cards)
Pergunta
Resposta
Em caso de extinção da punibilidade com base em certidão de óbito falsa, é pacífico o entendimento de que a decisão é irreversível, prevalecendo o reconhecimento da extinção da punibilidade?
❌ Errado. Existem duas posições doutrinárias sobre a reversibilidade da decisão que extingue a punibilidade com base em certidão de óbito falsa. A primeira, defendida por Damásio de Jesus, sustenta que a decisão não pode ser revista, pois não existe revisão criminal pro societate. A segunda entende que a decisão é inexistente, pois baseada em premissa fática falsa, já que a morte — verdadeiro pressuposto da extinção da punibilidade — não ocorreu. Esta segunda posição foi adotada pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiu ser possível revogar o decreto de extinção da punibilidade nesse contexto, por não gerar coisa julgada em sentido estrito (STF, HC 104998/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 14/12/2010).
A graça e o indulto são concedidos por lei formal do Congresso Nacional, não podendo ser objeto de delegação pelo Presidente da República?
❌ Errado. A graça e o indulto são concedidos por meio de decreto do Presidente da República, e esse ato pode ser delegado aos Ministros de Estado, ao Advogado-Geral da União ou ao Procurador-Geral da República.
É possível a revogação de lei de anistia por legislação posterior mais gravosa, restabelecendo-se a punibilidade anteriormente extinta?
❌ Errado. A lei de anistia não pode ser revogada por lei posterior que pretenda restabelecer a punibilidade, em respeito ao princípio da irretroatividade da norma penal mais gravosa. Uma vez extinta a punibilidade por anistia, esta não pode ser reinstituída, sendo vedada a aplicação retroativa de nova legislação que agrave a situação do beneficiado.
Para fins de extinção da punibilidade pela morte do agente, adota-se como critério jurídico o diagnóstico de morte encefálica, conforme previsto na Lei nº 9.434/1997?
✅ Correto. O critério adotado para a caracterização da morte do agente, com efeitos na extinção da punibilidade, é o diagnóstico de morte encefálica, nos termos do artigo 3º da Lei nº 9.434/1997. A constatação deve ser feita por dois médicos não vinculados às equipes de transplante, com base em critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
A graça e o indulto, quanto aos seus efeitos, somente podem ser plenos, extinguindo totalmente a pena, não sendo admitida sua forma parcial, com mera diminuição da sanção?
❌ Errado. A graça e o indulto classificam-se, quanto aos efeitos, em plenos e parciais. São plenos quando extinguem totalmente a pena, gerando a extinção da punibilidade
O indulto é benefício individual, concedido mediante requerimento do interessado, e não possui abrangência coletiva?
❌ Errado. O indulto é um benefício de natureza coletiva, cuja concessão alcança todos aqueles aos quais o decreto se destina, independentemente de provocação ou requerimento individual.
A morte do acusado pode ser provada por qualquer meio de prova admitido em direito, bastando ao juiz reconhecê-la segundo seu livre convencimento motivado?
❌ Errado. Embora o Código de Processo Penal adote, em regra, o sistema do livre convencimento motivado, o artigo 62 do referido diploma impõe exceção ao exigir a certidão de óbito como meio exclusivo de prova da morte do acusado. Assim, o juiz somente poderá declarar extinta a punibilidade à vista da certidão de óbito e após manifestação do Ministério Público.
As condições objetivas de punibilidade, por dependerem da vontade do agente, integram os elementos do delito e sua ausência impede o reconhecimento da existência do crime?
❌ Errado. As condições objetivas de punibilidade são requisitos externos ao delito, que condicionam a imposição da sanção penal, mas não dependem da vontade do agente nem integram os elementos do crime. Sua ausência não impede o reconhecimento do crime, mas suspende o exercício do direito de punir até que a condição se concretize.
Nos crimes de ação penal exclusivamente privada, é vedada a concessão de graça, indulto ou anistia, pois o direito de punir pertence ao particular ofendido?
❌ Errado. Mesmo nos crimes de ação penal exclusivamente privada, é possível a concessão de graça, indulto ou anistia. Isso porque o direito de punir (ius puniendi) permanece sendo do Estado, ainda que a iniciativa da ação penal (ius persequendi) seja atribuída ao particular. Assim, o Estado pode renunciar ao seu direito de punir mediante os instrumentos previstos, como a graça, o indulto ou a anistia.
A anistia, a graça e o indulto, por se fundamentarem em razões de clemência ou de política criminal, são considerados meios de exercício do poder punitivo estatal e não causas de extinção da punibilidade?
❌ Errado. A anistia, a graça e o indulto representam formas de renúncia do Estado ao direito de punir, sendo, portanto, causas de extinção da punibilidade. Fundamentam-se em razões de política criminal — como a redução da população carcerária — e também em fundamentos humanitários, relacionados à clemência estatal.
A morte de um dos corréus acarreta a extinção da punibilidade em relação a todos os demais envolvidos no processo penal?
❌ Errado. A morte do agente — seja ele investigado, réu ou condenado — é causa personalíssima de extinção da punibilidade, não se comunicando aos demais corréus. Assim, o falecimento de um dos acusados não extingue o direito de punir do Estado quanto aos outros envolvidos, pois a causa de extinção da punibilidade não possui efeito extensivo.
O princípio da intranscendência da pena impede a responsabilização dos sucessores em qualquer hipótese, não se admitindo a extensão da obrigação de reparar o dano nem a decretação do perdimento de bens?
❌ Errado. Nos termos do artigo 5º, inciso XLV, da Constituição da República, embora a pena não possa ultrapassar a pessoa do condenado (princípio da intranscendência), admite-se, como exceções, a possibilidade de extensão aos sucessores da obrigação de reparar o dano e da decretação do perdimento de bens. Essas medidas podem ser executadas contra os sucessores até o limite do valor do patrimônio transferido, extinguindo-se na parte que exceder as forças da herança.
As imunidades absolutas, também chamadas de escusas absolutórias, são causas de exclusão da punibilidade que decorrem de opção legislativa baseada na relação entre sujeito ativo e sujeito passivo do delito?
✅ Correto. As imunidades absolutas ou escusas absolutórias são hipóteses de exclusão da punibilidade que impedem o exercício do direito de punir do Estado, mesmo diante da prática de um crime. Essas hipóteses têm como fundamento a relação existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo do delito, constituindo escolha do legislador por razões de política criminal.
Se a esposa subtrair dinheiro da carteira do marido, praticando fato típico, ilícito e culpável, poderá ser processada e condenada pelo crime de furto?
❌ Errado. Embora a conduta da esposa preencha os elementos do crime (fato típico, ilícito e culpável), o artigo 181, inciso I, do Código Penal prevê escusa absolutória que impede o nascimento do direito de punir do Estado. Trata-se de causa de exclusão da punibilidade, que obsta a própria pretensão estatal de aplicar sanção penal, impedindo o oferecimento da denúncia, o processo e eventual condenação.
Causas de exclusão da punibilidade impedem o surgimento do direito de punir do Estado, mesmo quando presente a prática de uma infração penal, podendo decorrer de condições pessoais do agente ou razões de política criminal?
✅ Correto. As causas de exclusão da punibilidade impedem o surgimento do ius puniendi estatal, mesmo havendo infração penal, em razão de condições pessoais do agente ou fundamentos de política criminal. A doutrina também as denomina, alternativamente, como causas de isenção de pena, imunidades nos crimes contra o patrimônio ou escusas absolutórias, conforme a classificação adotada.
A jurisprudência admite, excepcionalmente, a existência de causa supralegal de extinção da punibilidade, como no caso da fraude no pagamento por meio de cheque?
✅ Correto. Parte da doutrina reconhece a possibilidade de causas supralegais de extinção da punibilidade, tomando como exemplo o entendimento do Supremo Tribunal Federal no que se refere ao crime de fraude no pagamento por meio de cheque, previsto no artigo 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal. Nessa hipótese, admite-se que determinadas circunstâncias fáticas, embora não previstas expressamente em lei, possam justificar o reconhecimento da extinção da punibilidade.
A decretação da ausência do agente pode fundamentar a extinção da punibilidade, conforme entendimento unânime da doutrina penal?
❌ Errado. A doutrina apresenta três posições quanto à possibilidade de extinção da punibilidade com base na ausência do agente. A primeira, defendida por Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, nega essa possibilidade, pois a declaração de ausência produz apenas efeitos civis e não supre a exigência legal da certidão de óbito. A segunda, sustentada por Nelson Hungria, admite a extinção da punibilidade, por entender que a morte presumida pode produzir os mesmos efeitos jurídicos da morte real. A terceira posição defende a extinção da punibilidade apenas nos casos de morte presumida sem decretação de ausência, com base nas hipóteses do artigo 7º do Código Civil, quando há extrema probabilidade de morte e sentença judicial que a declare com data provável.
A concessão de anistia é de competência concorrente entre os entes federativos, podendo ser aprovada por qualquer casa legislativa?
❌ Errado. A anistia é de competência exclusiva da União, sendo privativa do Congresso Nacional, nos termos do artigo 48, inciso VIII, da Constituição da República. Cabe exclusivamente ao Congresso aprovar a lei que concede anistia.
A ocorrência da morte do autor da infração penal, mesmo após a prática do crime, impede a existência do crime, já que não haverá punição possível?
❌ Errado. A morte do autor da infração penal impede a aplicação da sanção penal, mas não descaracteriza a existência do crime. Trata-se de hipótese de infração penal sem punibilidade, como no exemplo de um indivíduo que comete múltiplos homicídios e se suicida em seguida. O crime subsiste, embora não seja possível sua punição.
A pena de multa, por não constar entre as exceções previstas no artigo 5º, inciso XLV, da Constituição da República, pode ser executada contra os herdeiros ou legatários do condenado, até o limite do patrimônio transferido?
❌ Errado. A pena de multa não está entre as exceções constitucionais que admitem a execução contra herdeiros ou legatários. Assim, diferentemente da obrigação de reparar o dano e do perdimento de bens, a multa penal não pode ser exigida dos sucessores, extinguindo-se com a morte do condenado.
Mesmo diante da prática de um fato típico, ilícito e culpável, determinadas circunstâncias podem impedir o surgimento da punibilidade, por razões de política criminal previstas no ordenamento jurídico?
✅ Correto. As causas de exclusão da punibilidade impedem o surgimento do direito de punir do Estado, ainda que haja fato típico, ilícito e culpável. Elas delimitam o exercício do ius puniendi, pois, por escolha legislativa baseada em política criminal, determinadas pessoas ou situações não ensejam a imposição de sanção penal.
Nos crimes de calúnia, difamação e injúria, a reconciliação entre as partes antes do recebimento da queixa resulta no arquivamento da ação penal e na extinção da punibilidade?
✅ Correto. De acordo com o artigo 522 do Código de Processo Penal, nos crimes contra a honra, havendo reconciliação entre as partes antes do recebimento da queixa, e após a assinatura do termo de desistência pelo querelante, a queixa será arquivada. Tal arquivamento implica a extinção da punibilidade.
Se uma pessoa auxilia o próprio irmão a subtrair-se da ação da autoridade pública após a prática de crime punido com reclusão, estará isenta de pena, mesmo que sua conduta seja típica, ilícita e culpável?
✅ Correto. Nos termos do artigo 348, § 2º, do Código Penal, há isenção de pena quando o auxílio no crime de favorecimento pessoal é prestado ao irmão, ao cônjuge, ascendente ou descendente do agente. Segundo Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, essa hipótese configura escusa absolutória, classificada como causa de exclusão da punibilidade. Embora o fato seja típico, ilícito e culpável, o direito de punir do Estado não chega a surgir, impedindo desde o início a aplicação de sanção penal.