Teoria Geral Da Pena Flashcards
(161 cards)
Pergunta
Resposta
A previsão do abate de aeronaves pelo Código Brasileiro de Aeronáutica é considerada pacificamente constitucional pela doutrina majoritária e pela jurisprudência brasileira.
❌ A previsão do abate de aeronaves, contida no artigo 303, § 2º, da Lei 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica), é considerada por grande parte da doutrina como inconstitucional, por representar nova modalidade de pena de morte não prevista na Constituição. A medida foi regulamentada pelo Decreto nº 5.144/2004 e depende de autorização do Presidente da República ou autoridade delegada. Contudo, não há posição doutrinária majoritária nem definição pela jurisprudência sobre o tema.
É admissível que uma mesma condenação penal definitiva seja utilizada simultaneamente para fundamentar a reincidência e os maus antecedentes na fixação da pena-base.
❌ A mesma condenação penal transitada em julgado não pode ser utilizada simultaneamente para fundamentar tanto a reincidência quanto os maus antecedentes, sob pena de violação ao princípio da proibição do bis in idem. Contudo, é possível que uma condenação definitiva fundamente a reincidência e outra, distinta, fundamente os maus antecedentes.
É admissível a substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa, mesmo quando ambas estiverem cominadas cumulativamente em lei penal especial.
❌ Errado. Segundo a Súmula 171 do Superior Tribunal de Justiça, quando as penas privativa de liberdade e pecuniária forem cominadas cumulativamente em legislação penal especial, não é permitida a substituição da pena de prisão por multa.
Nos crimes preterdolosos, não se aplicam as agravantes genéricas previstas no artigo 61 do Código Penal, pois o resultado é culposo.
❌ Nos crimes preterdolosos, apesar de o resultado ser culposo, o crime é considerado doloso em sua essência. Por isso, aplicam-se todas as agravantes genéricas previstas no artigo 61 do Código Penal. Esse entendimento é consolidado no Superior Tribunal de Justiça. (STJ, AgInt no AREsp 1074503/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 25/09/2019)
É legítima a atuação do Ministério Público na cobrança da pena de multa, sem prejuízo da atuação subsidiária da Fazenda Pública.
✅ Correto. O Supremo Tribunal Federal, em questão de ordem na Ação Penal 470, fixou o entendimento de que o Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança da pena de multa, sendo possível a atuação subsidiária da Fazenda Pública.
Comete crime atenuado o agente que atua sob coação moral irresistível ou em cumprimento de ordem de autoridade superior não manifestamente ilegal, conforme previsão do Código Penal?
❌ Errado. A coação moral irresistível e a obediência a ordem de autoridade superior não manifestamente ilegal afastam a culpabilidade do agente, tornando a conduta atípica, ou seja, não se configura crime. A atenuante genérica, por sua vez, incide apenas quando a coação é resistível ou a ordem superior é manifestamente ilegal, pois nesses casos o fato é típico e punível, embora com redução da pena (art. 65, III, “c”, do Código Penal).
A interdição temporária de direitos compreende, entre outras hipóteses, a proibição de exercer mandato eletivo, a suspensão da habilitação para dirigir e a proibição de frequentar determinados lugares, nos termos do artigo 47 do Código Penal.
✅ Correto. De acordo com o artigo 47 do Código Penal, são previstas como penas de interdição temporária de direitos: proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo (inciso I)
A prestação de serviços à comunidade, como pena restritiva de direitos, deve sempre ter a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, independentemente de seu tempo de condenação.
❌ Errado. A regra geral é que as penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do artigo 43 do Código Penal tenham a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, conforme artigo 55. No entanto, se a pena substituída for superior a um ano, é possível que a prestação de serviços à comunidade seja cumprida em tempo inferior, desde que não inferior à metade da pena fixada, conforme o artigo 46, § 4º.
No concurso de agravantes e atenuantes, são consideradas preponderantes as circunstâncias que envolvem os motivos do crime, a personalidade do agente e a reincidência, conforme dispõe o Código Penal
✅ Correto. De acordo com o artigo 67 do Código Penal, quando houver concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, que são aquelas relacionadas aos motivos determinantes do crime, à personalidade do agente e à reincidência — todas de natureza subjetiva.
A detração penal pode ser aplicada para abater da pena imposta em condenação posterior o tempo de prisão provisória cumprido em processo no qual o réu foi absolvido?
❌ Errado. A detração penal não se aplica ao tempo de prisão provisória decorrente de processo que culminou em absolvição. A jurisprudência e a doutrina majoritária vedam a chamada “caderneta de poupança de pena”, pois admitir essa possibilidade significaria permitir que o tempo de prisão indevida gerasse um crédito para futura condenação, o que afronta o sistema penal. Eventuais danos pela prisão injusta devem ser reparados na via cível.
É cabível o sursis etário ou humanitário quando a pena privativa de liberdade não ultrapassar quatro anos e o condenado tiver mais de setenta anos de idade ou apresentar razões de saúde que justifiquem a suspensão da pena.
✅ Certo. O sursis etário ou humanitário pode ser concedido para penas privativas de liberdade não superiores a quatro anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade ou existam razões de saúde que justifiquem a suspensão da execução penal. O período de prova, nesse caso, será de quatro a seis anos.
É admitida a detração do tempo de custódia cautelar cumprido em outro processo, desde que o crime pelo qual o condenado esteja sendo punido seja posterior ao período da prisão provisória?
❌ Errado. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a detração do tempo de prisão provisória cumprido em outro processo apenas quando o crime pelo qual está sendo executada a pena for anterior ao período pleiteado. Isso visa impedir a formação de um “crédito de pena” em favor do condenado para uso futuro, o que seria incompatível com a finalidade da sanção penal. (STJ, AgRg no HC 506.413/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 30/09/2019).
É correto afirmar que, no regime fechado, a pena é cumprida em estabelecimento de segurança máxima ou média, sendo obrigatória a realização de exame criminológico para fins de individualização da execução, com trabalho diurno e isolamento noturno, admitindo-se o trabalho externo apenas em serviços públicos, nos termos do Código Penal.
❌ Errado. Embora o Código Penal, em seu artigo 34, § 3º, restrinja o trabalho externo no regime fechado a serviços ou obras públicas, a Lei de Execução Penal, norma posterior, amplia essa possibilidade ao prever, no artigo 36, que o trabalho externo pode ocorrer também em entidades privadas, desde que observadas cautelas contra fuga e em favor da disciplina. Portanto, não se restringe apenas ao setor público.
No Brasil, é vedada a imposição de penas de caráter perpétuo, sendo o limite máximo das penas de reclusão e detenção de 40 anos, e o das penas de prisão simples de 5 anos.
✅ Não se permite, no Brasil, a imposição de penas de caráter perpétuo. Por isso, as penas de reclusão e de detenção têm como limite a duração de 40 anos, nos termos do artigo 75 do Código Penal, enquanto a pena de prisão simples tem limite de 5 anos, conforme o artigo 10 da Lei das Contravenções Penais.
As penas privativas de liberdade compreendem a reclusão, a detenção e a prisão simples, sendo reguladas, respectivamente, pelo Código Penal e pela Lei das Contravenções Penais.
✅ As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e de detenção, reguladas no Código Penal, e de prisão simples, prevista na Lei das Contravenções Penais.
Comete crime atenuado o agente que age sob violenta emoção, ainda que provocada por ato injusto da vítima, sendo essa emoção causa excludente da culpabilidade?
❌ Errado. A violenta emoção, ainda que provocada por ato injusto da vítima, não exclui a culpabilidade, mas sim atenua a pena imposta ao agente, nos termos do art. 65, inciso III, alínea “c”, do Código Penal. Trata-se de circunstância atenuante genérica, aplicável na segunda fase da dosimetria da pena.
Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o adolescente e a mulher, o juiz pode determinar que o agressor compareça obrigatoriamente a programas de recuperação e reeducação durante o cumprimento da limitação de fim de semana, pena esta que pode ser cumprida em casa de albergado, local também destinado ao regime aberto.
✅ Correto. De acordo com o artigo 152, parágrafo único, da Lei de Execução Penal, inserido pela Lei n. 14.344/2022, é possível a imposição do comparecimento obrigatório a programas de recuperação e reeducação, e a casa de albergado é o local adequado tanto para a limitação de fim de semana quanto para o cumprimento da pena em regime aberto.
O inadimplemento da pena de multa, ainda que por absoluta hipossuficiência do condenado, sempre impede a progressão de regime e a extinção da punibilidade.
❌ Errado. O inadimplemento deliberado da pena de multa pode impedir a progressão de regime, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, mas não se aplica ao executado com comprovada impossibilidade econômica. Além disso, segundo tese fixada pelo Superior Tribunal de Justiça, a falta de pagamento da multa, após o cumprimento da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, não impede a extinção da punibilidade, salvo se houver decisão motivada que comprove a possibilidade de pagamento.
A Constituição Federal veda expressamente a pena de banimento, que consiste na expulsão do brasileiro do território nacional, devendo-se distingui-la de penas como o degredo e o desterro.
✅ A pena de banimento, que consiste na expulsão de brasileiro do território nacional para viver no estrangeiro, foi expressamente vedada pela Constituição Federal de 1988. Deve ser distinguida de outras penas como o degredo, que confina o indivíduo a parte específica do território nacional, e o desterro, que o expulsa do local onde vive, como a Comarca da vítima.
A limitação de fim de semana é pena restritiva de direitos que impõe ao condenado a obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, sendo possível a realização de cursos, palestras ou atividades educativas durante esse período.
✅ Correto. A limitação de fim de semana está prevista no artigo 48 do Código Penal e consiste na permanência do condenado por cinco horas diárias, aos sábados e domingos, em estabelecimento adequado, onde podem ser ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.
No sursis especial, caso o condenado tenha reparado o dano e as circunstâncias judiciais lhe sejam inteiramente favoráveis, o juiz pode substituir a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de semana por outras condições, como proibição de frequentar certos lugares e comparecimento mensal a juízo.
✅ Certo. O sursis especial é admissível quando o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e as circunstâncias judiciais forem inteiramente favoráveis. Nessa hipótese, o juiz poderá substituir a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de semana, durante o primeiro ano da suspensão, por condições cumulativas como a proibição de frequentar determinados lugares, de ausentar-se da comarca sem autorização e o comparecimento mensal em juízo para informar e justificar atividades.
A detração permite que se subtraia da pena definitiva o tempo de prisão provisória ou de internação previamente cumprido pelo condenado, inclusive no exterior.
✅ Correto. A detração, prevista no artigo 42 do Código Penal, consiste na subtração do tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, inclusive no estrangeiro, da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança impostas na sentença condenatória.
É cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mesmo que a pena aplicada seja superior a quatro anos, desde que o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa.
❌ Errado. Para que seja possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, exige-se, como regra, que a pena aplicada não seja superior a quatro anos e que o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, salvo se for crime culposo. Além disso, o réu não pode ser reincidente em crime doloso, e a substituição deve ser compatível com os elementos subjetivos e objetivos do caso concreto, conforme previsto no artigo 46 do Código Penal.